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Oriente Médio

14 de junho de 2010

O enviado especial do Quarteto do Oriente Médio, Tony Blair, anunciou que Israel deverá flexibilizar o bloqueio a Gaza. Governo israelense aprovou criação de comitê para investigar ataque a barcos de ajuda humanitária.

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Ativista preso no ataque a barcos humanitários usa as mãos em protestoFoto: AP

Tony Blair, enviado especial do Quarteto do Oriente Médio – formado por ONU, EUA, UE e Rússia –, afirmou que espera "nos próximos dias" que Israel flexibilize o bloqueio a Gaza, possibilitando o fornecimento de alimentos, eletricidade e outros itens de necessidade cotidiana. A declaração de Blair foi feita nesta segunda-feira (14/6) em Luxemburgo, após ele se encontrar com ministros do Exterior da União Europeia (UE).

Em vez de uma lista com mercadorias permitidas, deverá ser feita uma enumeração de itens proibidos. O ex-premiê britânico disse que conversara anteriormente com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Suspensão é "obrigação humanitária"

O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, afirmou que uma suspensão do bloqueio não é apenas uma obrigação humanitária, mas também necessária do ponto de vista político. A UE pede, segundo ele, que Israel implemente tais medidas. O bloco está disposto a apoiar tais iniciativas, disse Westerwelle.

Os ministros do Exterior do bloco encarregaram a alta representante para a Política Externa da UE, Catherine Ashton, de elaborar propostas para materializar esse apoio dos europeus.

UE classifica medida como inaceitável

Em uma declaração conjunta, os ministros do Exterior da UE classificaram o bloqueio à Faixa de Gaza como "inaceitável e politicamente contraprodutivo". Eles apelaram a Israel para que promova uma investigação "completa, imediata e apartidária" da recente ação militar de forças do país contra uma frota de barcos com ajuda humanitária. Eles disseram "lamentar profundamente" os mortos durante a operação.

Tony Blair disse que o elemento mais importante para Israel é que o bloqueio de armas e material bélico seja mantido. Para o Quarteto do Oriente Médio, por sua vez, é fundamental que outras mercadorias possam chegar até a Faixa de Gaza.

Flexibilização pode levar esperança à população

A chegada de bens de consumo básicos pode levar às pessoas da região nova esperança e perspectivas futuras, segundo Blair. Ele enfatizou que a elaboração de uma lista negativa deve levar algum tempo. Por outro lado, há projetos concretos de infraestrutura das Nações Unidas, cuja implementação pode ser iniciada imediatamente.

Palästinensische Kinder an der Grenze
Crianças protestam contra bloqueio. População é que mais sofre com medidaFoto: AP

Israel mantém um bloqueio sobre a Faixa de Gaza há três anos, desde que os radicais islâmicos do Hamas tomaram o poder na região. O país, entretanto,vem sofrendo pressão da comunidade internacional para suspendê-lo desde o dia 31 de maio, quando soldados israelenses atacaram uma frota de barcos de ajuda humanitária, matando nove ativistas e ferindo outras 40 pessoas. Sete soldados israelenses ficaram feridos na operação.

Por ocasião do aniversário de três anos do bloqueio a Gaza, organizações internacionais chamaram a atenção para o estado dramático das condições de vida da população local.

A entidade de direitos civis Gisha acusou o governo israelense de realizar uma guerra econômica contra os habitantes da Faixa de Gaza. O movimento humanitário israelense B`tselem afirma que 1,5 milhão de pessoas são tratadas como prisioneiras na Faixa de Gaza.

Israel aprova investigação interna sobre ataque

O gabinete de governo israelense aprovou a abertura de uma investigação interna sobre o ataque. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, designou no domingo uma comissão "pública especial independente" presidida pelo juiz do Supremo Tribunal de Jerusalém, Yaakov Tirkel, de 75 anos, e composta por dois membros israelenses e dois observadores Internacionais: o prêmio Nobel da Paz irlandês William David Trimble e o advogado canadense Ken Watkin, especialista em assuntos internacionais.

Netanyahu afirmou que a investigação da comissão "demonstrará que Israel atuou legitimamente, de maneira responsável e com total transparência" durante a abordagem.

Palestinos e turcos duvidam de imparcialidade da comissão

O presidente palestino, Mahmud Abbas, afirmou que a proposta "não corresponde às exigências da ONU". O ministro do Exterior turco, Ahmet Davutoglu, insistiu, por sua parte, que seja formada "uma comissão internacional sob a supervisão das Nações Unidas e com a participação da Turquia e Israel" para investigar o ataque.

Caso contrário, o ministro advertiu que a decisão poderá ter consequências nas relações bilaterais com Israel. "Se não for estabelecida uma comissão internacional e as demandas lícitas da Turquia forem ignoradas, a Turquia terá o direito de rever suas relações com Israel", avisou Davutoglu. "Cremos que Israel, como país que atacou uma frota civil em águas internacionais, não realizará uma investigação imparcial", acresceu.

Autor: MD/kna/dpa/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque