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SaúdeIsrael

Israel é primeiro país a reimpor quarentena nacional

13 de setembro de 2020

Em meio a aumento dos casos de coronavírus, Netanyahu anuncia segundo lockdown no país, que valerá por três semanas, durante feriados judaicos. Contrário à medida, ministro que representa judeus ultraortodoxos renuncia.

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Pessoas nas ruas em Jerusalém
Premiê alertou que país ultrapassou a marca de 4 mil novas infecções por diaFoto: Getty Images/AFP/E. Dunand

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou neste domingo (13/09) que o governo decidiu impor seu segundo lockdown nacional, em resposta a um aumento das infecções pelo coronavírus. A medida valerá por três semanas a partir da próxima sexta-feira.

Após horas de um acalorado debate, o gabinete de Netanyahu votou a favor da medida drástica, que torna Israel o primeiro país a reimpor a quarentena em todo seu território.

A princípio, o lockdown se estenderá por toda a temporada de feriados judaicos, tendo início em 18 de setembro, dia em que se comemora o Ano Novo Judaico, e terminando em 9 de outubro, ao fim da semana de festividades conhecida como Sucot.

"Eu sei que essas medidas vão cobrar um preço alto para todos nós", disse Netanyahu em discurso na televisão. "Este não é o tipo de feriado a que estamos acostumados. E nós certamente não seremos capazes de celebrar com nossos familiares."

O premiê destacou que o objetivo é interromper o aumento [nos casos de covid-19 e reduzir o contágio. O país ultrapassou a marca de 4.000 novas infecções por dia.

O bloqueio permanecerá em vigor por pelo menos três semanas, e depois o governo poderá relaxar as medidas se os números estiverem caindo. Os israelenses costumam realizar grandes reuniões familiares e lotar sinagogas durante o importante jejum de Yom Kippur no fim de setembro, o que as autoridades temiam que poderia desencadear novos surtos.

Homem veste máscara de Netanyahu em protesto antigoverno em Israel
Criticado pela gestão da crise e acusações de corrupção, Netanyahu tem sido alvo de protestosFoto: Reuters/A. Awad

Durante a quarentena, os cidadãos não poderão se locomover além de um raio de 500 metros a partir de suas casas – com exceção de idas ao trabalho, que serão limitadas.

Escolas, restaurantes, shoppings e hotéis fecharão suas portas, mas supermercados e farmácias ficarão abertos. O setor público deverá operar com menos funcionários, enquanto escritórios e empresas não serão obrigados a fechar, desde que não recebam clientes.

Além disso, reuniões em lugares fechados serão limitadas a no máximo dez pessoas, enquanto em locais abertos poderão contar até 20 participantes – o que significa que cultos judaicos em sinagogas deverão ser severamente afetados.

Um ponto crítico nas negociações no gabinete foi justamente em relação a como se dariam as orações durante o feriado religioso. O impasse levou o ministro da Habitação, Yaakov Litzman, que representa judeus ultraortodoxos, a renunciar ao cargo neste domingo.

"Isso é injusto e despreza centenas de milhares de cidadãos", disse Litzman, contrário à imposição do bloqueio durante a temporada de celebrações. "Onde vocês estavam até agora? Por que os feriados judaicos se tornaram um momento conveniente para combater o coronavírus?", acrescentou, em sua carta de demissão.

O endurecimento das medidas de contenção marca a segunda vez em que Israel impõe um bloqueio em nível nacional, após uma longa paralisação entre março e maio. Atribui-se ao primeiro lockdown uma queda nos números de novos casos no país, embora tenha causado estragos na economia e levado o desemprego às alturas.

Ao todo, Israel soma mais de 150 mil casos confirmados de covid-19 e mais de 1.100 mortes ligadas à doença. Dada sua população de 9 milhões de pessoas, o país enfrenta agora um dos piores surtos do mundo, com milhares de novos casos sendo registrados todos os dias.

Netanyahu e o governo israelense – cujo poder é dividido entre dois partidos rivais que uniram forças para combater a pandemia – têm sido duramente criticados pelo gerenciamento da crise. Eles são acusados de má gestão por não agirem adequadamente para conter as crises econômica e sanitária, forçando assim a imposição de um segundo lockdown.

EK/afp/ap/dpa/rtr/ots