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Irã ameaça violar limite de urânio em acordo nuclear

17 de junho de 2019

Teerã anuncia que, dentro de apenas dez dias, terá superado o limite de urânio enriquecido armazenado, o que violaria o pacto internacional selado em 2015. Iranianos dizem que europeus ainda podem salvar acordo.

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Reator de água pesada de Arak
Imagem de arquivo do reator de água pesada de Arak, considerado propício para o desenvolvimento de armas nuclearesFoto: picture-alliance/dpa/H. Forutan

O Irã sinalizou nesta segunda-feira (17/06) que deve ultrapassar seu limite de estoque de urânio de baixo enriquecimento até 27 de junho. O anúncio provavelmente aumentará ainda mais as tensões entre Teerã e Washington.

"Nós quadruplicamos a taxa de enriquecimento e ainda a aumentamos recentemente, de modo que em dez dias ela ultrapasse o limite de 300 quilogramas", disse Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã.

Autoridades iranianas pediram garantias aos europeus cossignatários do acordo nuclear – incluindo Alemanha, França e Reino Unido – para salvar o pacto com China e Rússia.

No entanto, as tentativas europeias de contornar as sanções americanas por meio do estabelecimento de um mecanismo de comércio não conseguiram ganhar força em Teerã – o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, classificou a medida de "piada amarga".

"As reservas do Irã estão aumentando todos os dias a uma taxa mais rápida. Se é importante para a Europa salvaguardar o acordo, eles devem fazer seus melhores esforços", disse Kamalvandi. "Assim que eles cumprirem seus compromissos, as coisas voltarão naturalmente ao seu estado original."

Desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o apoio americano ao acordo nuclear com o Irã, Washington tem pressionado seus aliados europeus a fazer o mesmo para isolar Teerã. Mas os signatários europeus resistem e argumentam que o governo iraniano manteve sua parte do acordo.

Considerado um feito da diplomacia do século 21, o acordo internacional com o Irã restringiu o programa nuclear da República Islâmica em troca de uma flexibilização das sanções econômicas, que foram impostas em meio a temores de que Teerã estivesse buscando desenvolver um arsenal atômico.

No acordo, o Irã se comprometeu a não enriquecer urânio acima de 3,67%, cifra insuficiente para construir uma bomba atômica, mas que basta para produzir energia. Além disso, aceitou reduzir o seu estoque atual de cerca de dez toneladas de urânio com baixo enriquecimento para 300 quilos. Seu programa de enriquecimento de urânio ficou submetido a um amplo sistema de controle pelos próximos 20 anos. Teerã também aceitou diminuir o número total de centrífugas de 19 mil para cerca de 6 mil, e não conduzir pesquisas e desenvolvimentos relacionados com enriquecimento de urânio até 2030.

No mês passado, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, anunciou que o Irã retomaria dentro de 60 dias o enriquecimento de urânio de alto nível caso os signatários do acordo nuclear não protegessem o setor petrolífero e os bancos iranianos das sanções.

Na segunda-feira, Rouhani apontou que os avalistas europeus ainda tinham tempo para salvar o acordo. "É um momento crucial, e a França ainda pode trabalhar com outros signatários do acordo e desempenhar um papel histórico para salvar o acordo em tão pouco tempo", disse Rouhani durante encontro com o embaixador francês no Irã.

PV/rtr/afp

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