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Wi-Fi durante o voo ainda é privilégio para poucos

Klaus Ulrich (ip)31 de agosto de 2014

Quase nenhuma companhia aérea oferece o serviço de Wi-Fi, que começou a ser implementado há mais de uma década em aviões. Preços para se conectar são pouco transparentes e nem todos os passageiros têm acesso a tomadas.

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Foto: ADRIAN DENNIS/AFP/GettyImages

Nas alturas, deve-se dispor das mesmas comodidades que em solo. Esse é o objetivo da indústria da aviação, e ele envolve, sobretudo, a comunicação. Hoje, ficar constantemente online num dispositivo móvel, às vezes até em mais de um ao mesmo tempo, é algo absolutamente normal para muitas pessoas. Há cada vez mais pontos de acesso à internet disponíveis nas cidades, e, na Europa, por exemplo, a conexão Wi-Fi em trens de alta velocidade já é quase padrão.

Há mais de uma década que a aviação tenta oferecer conexão à internet, mas o sucesso, até agora, foi limitado. O número de companhias aéreas que podem prometer a seus clientes uma conexão segura em longas distâncias ainda é muito pequeno.

A Lufthansa é pioneira nessa área, tendo adotado a prática pela primeira vez em 2003, mas tido que suspendê-la em 2006. Desde dezembro de 2010, a empresa disponibiliza um novo Flynet, seu serviço de comunicação a bordo, em parceria com a Deutsche Telekom e a Panasonic. Atualmente, mais de 90% dos voos de longa distância da empresa têm Wi-Fi, o que representa a maior frota aérea do mundo com internet.

A Emirates também está em processo similar e já adaptou 60% de suas 200 aeronaves para o uso da internet. Mas essas são as duas únicas companhias aéreas de grande porte em que os passageiros têm chances de continuarem em comunicação total com o mundo mesmo nas alturas – se estiverem dispostos a pagar por isso. De resto, mais de uma década após as primeiras tentativas, o quadro ainda é um tanto quanto confuso.

No início, a cobertura global de satélites também era assim. Entretanto, apenas a China permanece um ponto branco no mapa, pois não permite o recebimento do sinal de internet via satélite.

Fora isso, não há nenhum impedimento técnico à navegação pela internet nas alturas mundo afora – pelo menos em tese. Na prática, o sinal sempre pode ser perdido, embora na maioria das vezes a conexão seja surpreendentemente estável a uma velocidade de até 870 quilômetros por hora e a 12 mil metros de altura. A única dificuldade é descobrir antes da viagem quais linhas aéreas oferecem o quê.

Poucas tomadas

A Lufthansa, por exemplo, ainda terá que adaptar seus mais novos carros-chefe, o Boeing 747-8 e o Airbus A380. Mesmo nos aviões equipados há tempos com o Flynet, às vezes, a conexão não funciona.

A eletricidade pode representar um obstáculo para a navegação a bordo. Apenas os voos de Primeira Classe e Classe Executiva da Lufthansa possuem tomadas em todos os assentos. Aos viajantes da Classe Econômica restam apenas as baterias como fonte de energia. A American Airlines e a Delta, por sua vez, são as que oferecem mais tomadas.

Quando o assunto é Wi-Fi a bordo, até hoje muitas companhias aéreas se arriscam pouco. Algumas, como a Air France/KLM, continuam realizando testes, avião por avião, algo que a maioria das outras empresas já concluiu há anos.

Outras, como a australiana Qantas, que disponibilizou a navegação sobre as nuvens em seis de seus A380, voltaram a abolir o sistema. "Era muito pouco utilizado, porque quase todos os trajetos dos nossos A380 são voos noturnos", justificou um porta-voz da empresa.

Preços pouco transparentes

Na maioria das linhas aéreas, a política de preços para o acesso online também é muito pouco transparente. São poucas as que informam claramente o valor do acesso à internet durante todo o percurso.

Na média, o custo é de 19,95 euros (cerca de 60 reais) por um voo ou por 24 horas com conexões inclusas – algo que já é cobrado pela Lufthansa, por exemplo. As tarifas da Aer Lingus e da Air France/KLM são semelhantes, enquanto que a American Ailines cobra 19 dólares (cerca de 43 reais) pelo mesmo serviço.

A situação é mais complicada quando companhias aéreas, como Emirates, Oman Air, Qatar Airways, Singapore Airlines e TAP, exigem uma taxa para volumes de dados específicos. Ninguém consegue saber de antemão por quanto tempo exatamente poderá usar a internet a bordo e para quê.

Telefonemas a bordo

Em dezembro de 2013, as autoridades mundo afora permitiram o uso de dispositivos móveis em "modo avião" também na decolagem e na aterrissagem. A partir daí, a mobilidade entrou nas discussões sobre a utilização de tais dispositivos a bordo.

A British Airways foi a primeira entre inúmeras companhias europeias a implementar o serviço de forma consistente e permitir que seus passageiros usassem a função "modo avião" desde que embarcam na aeronave. Os britânicos calculam que isso represente cerca de meia hora a mais de uso dos aparelhos por voo.

Quanto aos telefonemas a bordo, as regras variam. Na Lufthansa, é estritamente proibido usar o Skype ou o celular para fazer ligações. Entretanto, em breve deverá ser possível enviar mensagens SMS durante o voo. A Lufthansa recomenda o uso de seu antiquado Skyphone – um telefone via satélite disponível em sua frota de A340 e 747 –, ao custo de 9,95 dólares (cerca de 23 reais) por minuto.

Enquanto empresas como a Emirates e a Oman Air relatam há anos experiências positivas de telefonemas a bordo através de celulares, calculados com base em tarifas normais de roaming internacional, outras linhas aéreas e muitos passageiros rechaçam tal possibilidade – sem sequer a terem experimentado.