1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Influência de Musk no governo Trump preocupa Merkel

23 de novembro de 2024

Bilionário ganhou cargo do republicano após apoio na campanha. Em entrevista à revista "Der Spiegel", ex-chanceler federal da Alemanha defendeu equilíbrio entre os interesses "dos poderosos e dos cidadãos comuns".

https://p.dw.com/p/4nM0F
Angela Merkel, ex-chanceler federal da Alemanha
"Quando uma pessoa como ele [Musk] é dono de 60% de todos os satélites que orbitam no espaço, então isso deve nos preocupar enormemente", afirmou Angela Merkel à revista alemã "Der Spiegel"Foto: Carsten Koall/dpa/picture alliance

A ex-chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, se disse preocupada com a influência do bilionário Elon Musk sobre a política dos Estados Unidos no governo de Donald Trump.

"Quando uma pessoa como ele [Musk] é dono de 60% de todos os satélites que orbitam no espaço, então isso deve nos preocupar enormemente, além das questões políticas", declarou em entrevista ao semanário alemão Der Spiegel publicada nesta sexta-feira (22/11).

A referência a Musk foi feita quando Merkel foi indagada pela revista se a volta de Trump à Casa Branca representava um desafio maior do que o primeiro mandato do republicano, iniciado em 2016.

A alemã reagiu citando uma "aliança visível" entre o novo presidente da maior economia do mundo e grandes empresas do Vale do Silício, "que têm enorme poder financeiro".

Musk foi nomeado junto com o empresário Vivek Ramaswamy para a chefia do novo Departamento de Eficiência Governamental. Caberá à dupla, segundo Trump, desmantelar a burocracia, reduzir regulamentações, cortar gastos e reestruturar agências federais.

Musk, que é dono do X, da SpaceX e da Tesla, doou milhões de dólares para a campanha de Trump e apoiou ativamente o candidato republicano nas últimas eleições.

Merkel, que está afastada da política desde o final de 2021, afirmou que os 16 anos que passou como líder da Alemanha a ensinaram que é preciso ter um equilíbrio entre os interesses "dos poderosos e dos cidadãos comuns".

Segundo a alemã, a crise financeira de 2007/2008 evidenciou a importância da política como "última instância capaz de endireitar as coisas". "E quando essa última instância é muito influenciada por empresas, pelo capital financeiro ou por tecnologias, isso é um desafio desconhecido para todos nós."

Merkel, porém, frisou que "em uma democracia, a política nunca é impotente contra as empresas".

Merkel lança livro de memórias

Merkel está lançando um livro de memórias, em que recapitula sua trajetória desde a juventude na antiga Alemanha Oriental até os anos na política à frente da Alemanha reunificada.

A obra chega nesta terça-feira (26/11) às livrarias, e é aguardada com expectativa e curiosidade, dada a personalidade reservada da alemã, que raras vezes se pronunciou desde que deixou o governo.

Na mesma entrevista ao Der Spiegel, Merkel também alfinetou o partido alemão de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), segundo mais bem cotado nas pesquisas, acusando-o de usar as redes sociais para inflamar os ânimos do eleitorado. Na opinião dela, o papel da política deveria ser justamente o oposto, mais conciliador.

A Alemanha, que atravessa no momento uma crise política e viu ruir a coalizão de governo entre social-democratas, verdes e liberais, terá eleições antecipadas ao Parlamento em 23 de fevereiro de 2025.

O partido de Merkel, o conservador CDU, deve voltar ao comando do país.

ra (DW, ots)

Colapso do governo alemão: sinais de uma nova era na Europa