Indiano acusa professora alemã de discriminação
10 de março de 2015Uma professora de bioquímica da Universidade de Leipzig, no leste da Alemanha, foi acusada de preconceito e discriminação por negar estágio a um estudante indiano.
Segundo o estudante, a professora Annette Beck-Sickinger teria demonstrado, em uma troca de e-mails, que a vaga não lhe seria concedida por causa dos recentes casos de estupro ocorridos na Índia e amplamente divulgados pela imprensa internacional.
A denúncia do estudante foi publicada na edição online nesta segunda-feira (09/03) do jornal India Today, segundo o qual a docente teria deixado explícito ao jovem que não aceita estudantes do sexo masculino vindos da Índia. "Ouvimos muito sobre o problema de estupros na Índia. Tenho muitas alunas no meu grupo e não posso aceitar esta postura", teria escrito a professora em e-mail.
Numa nota divulgada pela universidade, Beck-Sickinger negou a acusação e se desculpou por comentários feitos por ela sobre as condições sociais na Índia. Ela reclamou que suas palavras foram divulgadas "fora de contexto" e garantiu não recusar estudantes por raça ou gênero.
"Nunca foi minha intenção depreciar a sociedade indiana", defendeu-se. "Não tenho nada contra estudantes indianos, pelo contrário. Peço desculpas de qualquer forma a todos cujos sentimentos eu possa ter ferido."
A embaixada da Alemanha na Índia reagiu à polêmica e publicou uma dura crítica a Beck-Sickinger em seu site. "Sua generalização simplista e discriminatória é um ataque a homens e mulheres que lutam pelos diretos das mulheres na Índia."
A discussão entre a bioquímica e o jovem indiano ocorreu depois que o rapaz a procurou para saber por que motivo sua candidatura a um estágio no laboratório da universidade alemã havia sido rejeitada. Inicialmente, Beck-Sickinger teria afirmado que já não havia mais vagas. Por e-mail, os dois teriam iniciado um acalorado debate sobre a situação social na Alemanha e na Índia, até que ela levantou os casos de estupro no país asiático.
Em 2012, o estupro coletivo de uma estudante indiana de 23 anos, que acabou morrendo em seguida, chocou o país e chamou a atenção mundial para o problema na Índia. O caso levou a mudanças na lei para estipular penas mais severas a estupradores.
MSB/dpa