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PolíticaGrécia

Incêndios em ilha grega deixam milhares de desabrigados

9 de agosto de 2021

Grécia luta há quase duas semanas contra as chamas, em meio à pior onda de calor em décadas. Fogo na segunda maior ilha do país força evacuação e gera cenas dramáticas.

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Chamas em floresta
Fogo perto do vilarejo de Gouves, em Evia: calor intenso secou vegetação e tornou floresta altamente inflamávelFoto: ALEXANDROS AVRAMIDIS/REUTERS

Milhares de pessoas tiveram que deixar para trás seus lares e fugir dos incêndios florestais que estão devastando vastas áreas de floresta e destruindo centenas de casas em Evia, segunda maior ilha da Grécia depois de Creta.

A Grécia e a vizinha Turquia lutam contra incêndios devastadores há quase duas semanas, quando a região sofre sua pior onda de calor em décadas.

Os incêndios continuam enquanto um relatório climático da ONU alerta que o planeta está aquecendo em ritmo mais rápido do que era estimado anteriormente.

Duas mortes foram confirmadas na Grécia e oito na Turquia, enquanto dezenas de pessoas foram hospitalizadas.

Cenas dramáticas

Embora a maioria dos incêndios que ocorreram em outras partes da Grécia tenha se estabilizado ou diminuído em intensidade, os que afetam Evia são os mais preocupantes, criando cenas apocalípticas.

Nesta segunda-feira (09/08), as autoridades priorizaram salvar as aldeias de Kamatriades e Galatsades porque "se o fogo passar por lá, vai acabar em uma densa floresta que será difícil de extinguir", disseram bombeiros à agência de notícias grega ANA.

Enquanto a extensa parede de fogo cercava um vilarejo após o outro no norte da ilha, os bombeiros trabalharam até o amanhecer para apagar as chamas em Monokarya a fim de proteger a cidade de Istiaia.

Uma fumaça espessa e sufocante também envolveu nesta segunda-feira a região costeira de Pefki, de onde centenas de moradores tiveram que ser retirados por mar.

Barca como refúgio

Cerca de 300 pessoas retiradas das localidades vizinhas passaram a noite em uma barca que ficou atracada perto da praia, enquanto um navio militar aguardava na costa a chegada de mais pessoas resgatadas.

A barca "era o único lugar onde as pessoas podiam obter um pouco de paz e segurança", disse à agência de notícias AFP o oficial militar Panagiotis Charalambos. Como muitas comunidades próximas, Pefki "não tinha eletricidade ou água", segundo ele. "Aqui, as pessoas viviam da floresta, das colheitas, das azeitonas e do turismo. Não sobrou nada disso agora", disse uma moradora de Pefki.

O ministro grego das Finanças, Christos Staikouras, disse que até 6 mil euros por casa seriam destinados às famílias cujas residências foram danificadas, assim como 4,5 mil euros seriam destinados aos feridos.

Na cidade de Aidipsos, foram organizadas coletas de artigos de primeira necessidade para os moradores que perderam tudo no incêndio.

Pior onda de calor em 30 anos

O incêndio de Evia, que começou em 3 de agosto, é o mais severo de dezenas que estouraram na Grécia na semana passada, depois que o país enfrentou sua pior onda de calor em três décadas, com temperaturas chegando a 45 graus Celsius durante dias. O calor, vindo em meio ao que já foi um verão particularmente quente, transformou as florestas da Grécia, incluindo grandes áreas de pinheiros facilmente inflamáveis, em áreas totalmente secas e propícias a incêndios.

Outros grandes incêndios têm queimado florestas e fazendas na região do Peloponeso, sul da Grécia. Enquanto isso, um grande incêndio que entrou pelos subúrbios ao norte de Atenas e atingiu o Monte Parnitha, parque nacional nas periferias da capital, está se enfraquecendo.

Os esforços de combate a incêndios continuaram em Parnitha, onde bombeiros franceses, israelenses e cipriotas ajudavam seus colegas gregos.

Ajuda de mais de 20 países

Os incêndios florestais levaram ao limite as capacidades de combate a incêndios da Grécia, e o governo apelou por ajuda do exterior. Mais de 20 países na Europa e no Oriente Médio responderam com envio de aviões, helicópteros, veículos terrestres e mão de obra.

Apesar da ajuda, muitos residentes e autoridades locais reclamaram da falta de bombeiros, e alguns começaram a ligar para as redes de televisão gregas para pedir ajuda, especialmente pelo envio de aviões e helicópteros que lançam água.

Ainda com lembranças de um incêndio que matou mais de 100 pessoas em 2018, perto de Atenas, as autoridades gregas colocaram ênfase em salvar vidas, enviando dezenas de ordens de resgate de pessoas em áreas habitadas e que estavam no caminho das chamas. Também foram deslocadas flotilhas da guarda costeira e navios da marinha, barcas e outros barcos para retirar as pessoas de áreas da costa se necessário. Alguns dos que morreram no incêndio de 2018 em Mati se afogaram tentando escapar pelo mar depois de ficarem presos na praia.

Pessoas perto de uma barca atracada
Barca serve de refúgio para moradores da ilhaFoto: ALEXANDROS AVRAMIDIS/REUTERS

Mas alguns, incluindo autoridades locais nas áreas afetadas, argumentaram que as ordens de evacuação chegaram muito cedo, dizendo que os residentes poderiam fornecer ajuda valiosa no combate a incêndios para salvar povoados.

O chefe da Proteção Civil da Grécia, Nikos Hardalias, enfatizou que os bombeiros têm feito tudo o que podem. Bombeiros da Ucrânia, Romênia e Sérvia foram enviados como reforços para Evia, onde mais de 600 bombeiros operavam, junto com cinco helicópteros e cinco aviões lançadores de água.

Fogo na Turquia

Grandes incêndios também assolaram por mais de dez dias a vizinha Turquia, onde os bombeiros ainda tentavam extinguir incêndios em cinco localidades na província costeira de Mugla, no sudoeste do país.

"A situação está melhorando'', disse o ministro turco da Agricultura e Florestas, Bekir Pakdemirli, na noite de domingo. "É muito cedo para dizer que os incêndios estão sob controle, mas estamos chegando a esse ponto.''

Incêndios florestais também estavam queimando no sul da Itália e em Montenegro, nos Bálcãs, onde um grande incêndio em Podgorica chegou perto de diversas casas.

md/ek (AFP, AP)