"Imperdoável", retrata-se Spicer após gafe sobre Hitler
12 de abril de 2017O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, voltou a pedir desculpas nesta quarta-feira (12/04) por ter sugerido que o regime sírio de Bashar al-Assad era pior do que o de Adolf Hitler, porque o ex-líder nazista não teria usado armas químicas. O comentário gerou uma onda de indignação mundo afora.
"Imperdoável e repreensível", afirmou Spicer sobre a gafe, num fórum em Washington nesta quarta-feira. "Cometi um erro. Não existe outra forma de chamá-lo. Obviamente essa não foi minha intenção. Gostaria de pedir perdão à população. Eu não deveria ter tentado fazer essa comparação."
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O porta-voz, que acredita ter decepcionado o presidente Donald Trump, disse ainda que o incidente foi especialmente infeliz porque "essa é uma semana santa para o povo cristão e para o povo judeu".
Em coletiva de imprensa na terça-feira, Spicer tentava mensurar o horror do ataque químico ocorrido na semana passada na Síria – pelo qual Washington responsabiliza Damasco – quando disse que nem mesmo "alguém tão desprezível como Hitler se rebaixou ao ponto de usar armas químicas".
Confrontado sobre tal declaração, ele tentou se defender, afirmando que, "quando se trata de gás sarin, ele [Hitler] não usou gás contra seu próprio povo da maneira como Assad está fazendo".
A diferença, segundo o porta-voz, é "o modo com que Assad usa as armas químicas, indo às cidades e lançando essas armas sobre inocentes", uma argumentação que também não ajudou. A Síria nega responsabilidade no ataque com gás tóxico no norte do país, que deixou mais de 80 mortos.
Apesar de nunca ter usado armas químicas no campo de batalha durante a Segunda Guerra Mundial, Hitler utilizou gases letais para exterminar milhões de judeus, incluindo alemães, em câmaras de gás. Estima-se que até 6 mil pessoas morriam por dia somente no campo de concentração de Auschwitz.
Ainda na terça-feira, Spicer emitiu um comunicado se retratando. "De maneira alguma eu estava tentando atenuar a natureza horrenda do Holocausto", escreveu.
Palavras "indignantes"
Apesar das várias tentativas de retratação, Spicer foi alvo de duras críticas pela comunidade internacional. O governo alemão, por meio do porta-voz Steffen Seibert, afirmou que "comparações entre situações atuais e crimes do nacional-socialismo não podem levar a nada de bom".
Na terça-feira, o ministro da Inteligência de Israel, Yisrael Katz, classificou as palavras de Spicer como "indignantes" e disse que, caso o porta-voz não se desculpasse, teria que ser removido do cargo.
Também em Israel, o Museu do Holocausto de Jerusalém sugeriu ao funcionário americano que visite a página do órgão na internet para "aprender sobre o Holocausto e seu período na história".
Segundo o museu, as declarações do porta-voz "implicam uma profunda falta de conhecimento sobre os eventos da Segunda Guerra Mundial, incluindo o Holocausto", e "poderiam fortalecer aqueles que tentam distorcer a história".
EK/efe/lusa/ap/afp/dpa/ots