Impasse perdura
8 de janeiro de 2009O diretor do conglomerado energético russo Gazprom, Alexei Miller, encontrou-se nesta quinta-feira (08/01) em Bruxelas com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e outros representantes da UE. Uma delegação de alto nível da operadora ucraniana Naftogaz também esteve na capital belga. A Comissão e a presidência tcheca da União Europeia tentam urgentemente reativar o fornecimento de gás natural russo através de gasodutos que atravessam a Ucrânia.
Apesar de sinais positivos de ambos os lados, ainda não se anuncia o fim do impasse russo-ucraniano. O comissário da UE para assuntos de Energia, Andris Piebalgs, explicou que observadores da Comissão deveriam viajar para a Ucrânia já nesta sexta-feira. Entretanto a Gazprom insiste que especialistas russos também participem da missão. Não está claro se a Ucrânia aceitaria tal condição. "Os dois países precisam chegar a um acordo a este respeito", comentou Piebalgs. Atendendo a desejo russo, o comissário negocia separadamente com as duas delegações.
Falsas esperanças
Antes, Miller se declarara disposto a retomar o abastecimento, sob supervisão da UE. "Esperamos que o processo de observação se inicie quase imediatamente", disse o presidente da Gazprom, após várias horas de deliberações com a cúpula da UE.
"Assim que observadores da UE se encontrem na Ucrânia e recebam acesso às pipelines, o abastecimento de gás deverá ser restabelecido tão rápido quanto possível", confirmou Miller. Segundo fontes da UE, Alexei Miller também negociou diretamente em Bruxelas com o presidente da Naftogaz, Oleg Dubina.
O envio de observadores europeus à região já fora sugerido tanto pela Comissão Europeia como pela chefe de governo alemã, Angela Merkel. "[O processo] deve começar hoje, se possível", reforçou o presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering, após conversar com o empresário russo.
O representante do governo ucraniano para segurança energética, Bogdan Sokolovski, despertou igualmente em Bruxelas esperanças de uma rápida solução da crise. "Possivelmente assinaremos os contratos esta noite em Moscou", informara o político à agência de notícias DPA, à margem das negociações.
Quem começou?
Desde a última terça-feira, nenhum gás natural russo flui mais pelas canalizações ucranianas em direção ao Oeste. Moscou exige do país vizinho preços mais altos pelo combustível. Por sua vez, Kiev quer aumentar as taxas para o trânsito do gás russo até a União Europeia.
Segundo declarou Sokolovski ao Parlamento Europeu, os preços atuais não bastariam para o funcionamento eficiente da Naftogaz, operadora dos gasodutos. "Queremos que as tarifas sejam elevadas a um nível condizente", acentuou o político.
Durante encontro informal em Praga, os ministros das Relações Exteriores e para a Europa dos 27 países-membros da UE marcaram uma reunião extraordinária dos ministros da Energia do bloco para a próxima segunda-feira, em Bruxelas. O tema será, naturalmente, a crise do gás.