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Criminalidade

Imigrante é condenado por assassinato na Alemanha

Rebecca Staudenmaier lpf
3 de setembro de 2018

Requerente de refúgio supostamente afegão é sentenciado a oito anos e seis meses de prisão por esfaquear até a morte ex-namorada, de 15 anos. Crime desencadeou protestos anti-imigração e críticas a política migratória.

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Repórteres diante de tribunal em Landau
Repórteres diante de tribunal em Landau: caso de Abdul D. ocupou manchetes no paísFoto: DW/R. Staudenmaier

Um tribunal alemão condenou nesta segunda-feira (03/09) o requerente de refúgio Abdul D., supostamente de origem afegã, a oito anos e seis meses de prisão pelo assassinato de sua ex-namorada, uma adolescente de 15 anos.

O crime, ocorrido na cidade de Kandel, no sudoeste da Alemanha, causou comoção no país e foi usado por muitos críticos da política de refugiados da chanceler federal Angela Merkel para corroborar suas posições anti-imigração.

A jovem Mia V., de 15 anos, foi esfaqueada até a morte pelo ex-namorado Abdul D. em 27 de dezembro do ano passado. Numa drogaria, a adolescente foi atingida sete vezes com uma faca de cozinha.

De acordo com promotores, Mia V. e Abdul D. namoraram por vários meses até que a jovem encerrou a relação, no início de dezembro. Após o rompimento, tanto a adolescente quanto seus pais denunciaram ameaças e abusos cometidos por Abdul D. à polícia. Promotores acreditam que ele tenha agido por ciúme e para vingar o término do namoro.

O advogado de Abdul D., Maximilian Ender, disse a repórteres que considera correta a decisão anunciada nesta segunda-feira pelo tribunal, localizado na cidade de Landau, e que seu cliente "aceitou" a sentença. Alguns cidadãos que aguardavam diante do tribunal consideraram a pena de oito anos e seis meses curta demais.

Protesto anti-imigração em Kandel, em março de 2018
Protesto anti-imigração em Kandel, em março de 2018Foto: DW/H. Kermani

Abdul D. entrou na Alemanha no primeiro semestre de 2016 e foi registrado como menor desacompanhado. Incialmente, ele foi alojado numa instituição para jovens no distrito de Germersheim, no estado da Renânia-Palatinado. Ele foi, então, transferido para Neustadt e passou a frequentar a escola em Kandel, onde conheceu Mia V.

As autoridades acreditam que Abdul D. tenha vindo do Afeganistão e que ele era menor de idade quando cometeu o crime. Ele foi julgado como menor, e, de acordo com a legislação alemã, a pena máxima para assassinato nesse caso é de dez anos.

Promotores, no entanto, lançaram dúvidas quanto à idade de Abdul D. Apesar de ele dizer que tinha 15 anos quando o esfaqueamento ocorreu, uma avaliação médica especializada encomendada pela promotoria pública indicou que, no momento do crime, ele tinha no mínimo 17 anos e que provavelmente sua idade verdadeira era 20 anos. 

Meses de protestos

Após a morte de Mia V, a pequena Kandel – cidade com cerca de 9 mil habitantes localizada perto da fronteira com a França – foi palco de protestos anti-imigração e manifestações contrárias à xenofobia durante meses, atraindo grupos tanto de esquerda quanto de direita.

No último sábado, centenas de pessoas participaram de um protesto de direita convocado pela Aliança das Mulheres de Kandel. Em resposta, dezenas de manifestantes contrários, simpatizantes da esquerda, e moradores da cidade saíram às ruas.

Aos poucos, o foco dos protestos de direita deixou de ser a morte de Mia V. Eles se tornaram uma plataforma para sentimentos contrários aos refugiados e ao islã, com manifestantes criticando a mídia e o governo Merkel.

Moradores que integram o grupo "Nós somos Kandel" acusam os manifestantes de direita de instrumentalizarem a morte de Mia V. e de não representarem a cidade.

Nos últimos dias, a cidade de Chemnitz, no leste do país, foi palco de um caso similar ao de Kandel. Após um homem alemão ser esfaqueado até a morte em 26 de agosto, uma série de violentos protestos de extrema direita ocorreu na cidade. Um sírio e um iraquiano estão sob custódia da polícia por suspeita de envolvimento no assassinato.

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