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"Huh!" impulsiona turismo na Islândia

Julia Wäschenbach ca
15 de novembro de 2016

Com grito de guerra viking, torcedores islandeses fizeram sucesso na Eurocopa deste ano e aumentaram interesse de turistas pelo país. Mas muitos temem que grande número de visitantes prejudique a natureza.

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Torcedores de futebol na Islândia
Foto: picture alliance/dpa/E. Arnason

A afirmação de que a população da Islândia é pequena demais para que o país alcançasse sucesso num grande campeonato de futebol foi algo que o técnico Heimir Hallgrimsson escutou durante toda a sua vida – e conseguiu provar o contrário. Na Eurocopa de 2016, os islandeses se destacaram.

Heimir Hallgrimsson, técnico da seleção islandesa
Heimir Hallgrimsson, técnico da seleção islandesaFoto: picture-alliance/AP Photo/C. Fahey

Junto ao ex-treinador Lars Lagerback, Hallgrimsson estava no comando quando a Islândia chegou às quartas de final.

Os fãs celebraram o sucesso da equipe com um grito de guerra, o "Hu!". Ele se tornou um hype mundial – e impulsionou a imagem do país. "Não acho que se poderia ter encomendado uma propaganda melhor para a Islândia", afirma Hallgrimsson. "Nem mesmo uma erupção vulcânica teria tanta influência."

Futebolistas como embaixadores mundiais

A agência Promote Iceland estima que 152 mil artigos foram publicados sobre o país em meados deste ano. O número de cliques no site Visit Iceland dobrou quando a Islândia eliminou a Inglaterra. Na Alemanha, as buscas por "Islândia" no Google quintuplicaram .

Hallgrimsson, de 49 anos, diz que seu país não precisava dessa promoção. Na pequena ilha, o turismo cresce anualmente entre 25% e 30%. Para 2016, a Islândia espera receber um total de cerca de 1,7 milhão de turistas – um número alto demais, na opinião do técnico de futebol.

"Todo mundo está vindo à Islândia para ver a natureza, e nós a estamos destruindo, sobrecarregando-a com pessoas", disse, destacando a forte pressão sobre as Ilhas Westman (Vestmannaeyjar), um pequeno arquipélago diante da costa sul, de onde ele vem.

Banhistas na "Lagoa Azul": Islândia é famosa por seus gêiseres e águas termais
Banhistas na "Lagoa Azul": Islândia é famosa por seus gêiseres e águas termaisFoto: picture-alliance/dpa/R. Holschneider

Em meados deste ano, a balsa entre o arquipélago e a Islândia esteve sempre superlotada e, algumas vezes, Hallgrimsson não conseguiu um lugar. O treinador de futebol disse que até que o país tenha expandido sua infraestrutura, uma placa de "esgotado" deve ser colocada no aeroporto Keflavik como um aviso para turistas.

No entanto, a indústria do turismo não tem nenhum plano para conter o fluxo de visitantes. Voos com destino à ilha também estão cheios no inverno, com os turistas querendo ver a aurora boreal e as geleiras cobertas de neve. "

No momento, parece que vamos ter um crescimento de 127% em relação ao ano passado", informou Skuli Mogensen, fundador e CEO da companhia aérea de baixo custo Wow.

As empresas aéreas faturaram mais do que o habitual durante a Eurocopa de 2016: mais de 30 mil islandeses foram à França ver a estreia de seu país num grande campeonato internacional de futebol.

É preciso encontrar um equilíbrio, afirmou o ex-jogador de futebol Hermann Hreidarsson. Com o pai, ele administra o Hotel Stracta, na pequena cidade de Hella. O local tem 120 leitos e se localiza próximo ao Golden Circle, uma das principais rotas turísticas do país. "Todo mundo está ciente da situação, mas o turismo se tornou uma indústria enorme", diz o hoteleiro.

Nacional Parque Thingvellir, Patrimônio Mundial no sudoeste da ilha
Parque Nacional Thingvellir, Patrimônio Mundial no sudoeste da ilhaFoto: picture-alliance/R. Goldmann

Turismo: maldição e bênção

A indústria do turismo já ultrapassou há muito tempo a pesca como principal atividade econômica. Depois da crise financeira e do colapso dos principais bancos, em 2008, a Islândia se recuperou rápida e surpreendentemente, também graças aos muitos turistas. "A ilha vai perder o seu charme?", indagou Hreidarsson, que também vem das Ilhas Westman. "Eu não acho", respondeu.

Hallgrimsson disse ter outras preocupações. Para o treinador, o maior ganho do desempenho sensacional de sua equipe na Eurocopa 2016 foi algo bem diferente. Junho deste ano "será sempre lembrado" como um mês que proporcionou unidade ao povo islandês, afirmou.

"Viu-se inimigos políticos sentados um ao lado do outro, abraçando-se, e uma avó que nunca havia assistido a uma partida de futebol sentada ao lado de seus filhos e netos", diz.

Depois da crise financeira, as pessoas tiveram alguma coisa para desfrutar juntas, em vez de só ficar falando mal dos outros, considera o técnico. O sucesso do time "trouxe alegria para a nação islandesa".

O técnico disse estar confiante de que as aventuras do futebol da Islândia ainda vão durar muito tempo e de que o grito "Hu!" dos vikings também será escutado na final da Copa do Mundo de 2018.