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HRW denuncia prisões de manifestantes cubanos

14 de julho de 2021

ONG Human Rights Watch aponta que número de presos passa de 150 e que paradeiro de muitos é desconhecido. "Protestar é um direito, não um crime", afirma diretor. EUA pedem fim aos cortes na internet na ilha.

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Proteste in Kuba
Protesto antigovernamental em HavanaFoto: Alexandre Meneghini/Reuters

A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou nesta terça-feira (13/07) que o número de detidos nos protestos ocorridos em Cuba "passa de 150", e exigiu o fim das violações aos direitos humanos no território cubano.

"A lista inicial de detidos nos protestos em Cuba passa de 150. Não se sabe o paradeiro de muitos deles. Exigimos o fim dessas violações aos direitos humanos. Protestar é um direito, não um crime", escreveu no Twitter o diretor da divisão das Américas da HRW, José Miguel Vivanco.

Milhares de pessoas saíram às ruas de Cuba para protestar contra longas filas para compra de alimentos, a falta de medicamentos e a alta dos preços, nas maiores manifestações antigoverno em décadas.

Várias foram detidas e alguns confrontos ocorreram após as declarações televisionadas do presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, que pediu para seus apoiadores defenderem a Revolução.

Vivanco divulgou uma lista de desaparecidos cuja autoria atribuiu à ONG Cubalex, que contabiliza 171 pessoas reportadas como desaparecidas, das quais 17 já foram libertadas ou encontradas.

A lista inclui nomes e sobrenomes das pessoas, o local onde foram vistas pela última vez, a hora e a data da detenção e o "último relato sobre sua situação".

Esses protestos, os maiores em Cuba desde o chamado "Maleconazo" de agosto de 1994, ocorrem em meio a uma grave crise econômica e sanitária, com a pandemia de covid-19 fora de controle e uma forte escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, além de cortes de eletricidade rotineiros.

Jornalista presa

Ainda nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, confirmou a detenção em Cuba da jornalista Camila Acosta, correspondente do jornal espanhol ABC, e exigiu sua "libertação imediata".

Albares incluiu este pedido em uma mensagem no Twitter, em que defendeu o direito dos cubanos de se manifestar "livre e pacificamente" e pediu às autoridades da ilha para que o respeitassem.

A Federação de Associações de Jornalistas da Espanha (Fape) também exigiu a libertação da jornalista, em declaração onde denunciava sua detenção "por informar sobre as manifestações de protesto que estão ocorrendo na ilha caribenha contra o governo".

A Fape exigiu a retirada das acusações contra Camila Acosta, que pode ser processada por supostos crimes contra a segurança do Estado, e solicitou ao governo espanhol que se interessasse pela situação da correspondente e tomasse as medidas necessárias para que ela fosse libertada sem acusações.

A federação condenou os ataques e outras prisões de jornalistas ocorridos em Cuba nos últimos dias, enquanto cobriam manifestações de protesto.

Um dos agredidos é o fotojornalista espanhol Ramón Espinosa, da agência "Associated Press", disse ele.

EUA exigem que Cuba reative internet

Os Estados Unidos também se manifestaram sobre a crise em Cuba e afirmaram que o regime precisa respeitar a voz do povo cubano.

A exigência foi manifestada em entrevista coletiva pelo porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, que criticou a decisão de Havana de provocar apagões na internet e interferir no trabalho de jornalistas.

"Pedimos para os líderes cubanos mostrarem contenção e os convocamos a respeitar a voz do povo, abrindo todos os meios de comunicação", declarou Price.

O porta-voz negou as repetidas acusações do presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, de que os EUA estão por trás das manifestações e de que o embargo imposto pelo país à ilha há 60 anos é o grande culpado pela crise econômica, sanitária e social em território cubano.

"As necessidades do povo cubano são intensas", frisou o porta-voz, que, no entanto, responsabilizou "a corrupção, a má administração e talvez indiferença do próprio governo" pelos problemas, isentando qualquer atitude de Washington. Price ainda exigiu a libertação de qualquer pessoa detida durante manifestações, que segundo ele foram pacíficas.

jps (efe, ots)