Pinheiro natalino
16 de dezembro de 2011Uma vez por ano, é a temporada do estresse para o agricultor Meinolf Mütherich, do estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália. Sua especialidade é o cultivo de árvores de Natal. Ele não gosta que chamem seu negócio de "indústria", mesmo que nos 100 hectares de sua propriedade sejam cultivados 800 mil pinheiros. Ele prefere a denominação "empresa agrícola".
Em cada hectare, estão plantadas de 6 a 8 mil coníferas. Para que atinjam a altura ideal, de 1m80 a 2 metros, são necessários 12 anos, conta Mütherich. Por isso, o produto sazonal exige planejamento, pois é necessário apostar que tipo de conífera deve ser plantada e calcular aproximadamente quantas unidades se pretende vender em 2023.
Época do corte, tempo de festa
Na época que antecede o Natal, muitos agricultores permitem que os consumidores cortem a árvore de Natal escolhida pela família, diretamente no campo. A opção agrada a Frank Zehrer, sua esposa e seus dois filhos. Este é o terceiro ano consecutivo em que transformam a ocasião em "momento familiar".
Para o pai, uma ótima oportunidade de se divertir com o filho de oito anos. Além disso, os agricultores costumam oferecer, em barraquinhas, não só os produtos que cultivam, como também especialidades da época, como bolachas e vinho quente.
Mundo à parte
A trilha pela floresta de pinheiros leva a um mundo que mais parece ter saído dos livros infantis. A cada dez metros, o visitante encontra uma pequena barraca de madeira, iluminada com motivos natalinos. Trata-se de um típico mercadinho de Natal na região alemã de Bergisches Land.
Markus Vogel é um dos vendedores desse mercado. Seus produtos vão de cartões de Natal artesanais a artigos de decoração. Ewelina Aleksandra Gödden, natural da Polônia, vende um produto ainda mais peculiar: ganchos para prender bolsas femininas à mesa. Enquanto os pais se divertem nas barraquinhas natalinas, as crianças podem brincar com os pôneis do agricultor Mütherich.
Aspectos negativos da produção em massa
A produção de árvores natalinas em massa também tem aspectos negativos. A região alemã do Sauerland é responsável pela produção de um terço dos 28 milhões de árvores de Natal vendidas na Alemanha, conta Mathias Scheidt, da iniciativa Sauerland Livre de Agrotóxicos.
Porém este não é o caso dos pinheiros natalinos. Segundo Scheidt, a produção das coníferas pode ser prejudicial à saúde, porque 420 dos 430 produtores usam agrotóxicos. "Sobretudo para acabar com a erva daninha", explica.
Segundo Mütherich, o consumidor quer "árvores perfeitas", e para que elas fiquem assim é preciso evitar o crescimento das ervas. Para isso, a maneira ecológica é cortar as ervas ou manter ovelhas. Ele mesmo já tentou o segundo método, ao importar 150 ovelhas da Dinamarca há alguns anos. "No início foi tudo uma maravilha, mas depois os animais mudaram seus hábitos e também começaram a morder os pinheiros. Além disso, estas ovelhas eram sensíveis e ficam facilmente doentes".
Ecologia x economia
Cultivar uma árvore "ecologicamente correta" tem seu preço. Scheidt, por exemplo, acredita que árvores sem agrotóxicos não sejam muito mais caras. Já Mütherich argumenta que elas custam o dobro. Independente do custo, Scheidt compra apenas pinheiros ecológicos. Em sua opinião, "se todos os consumidores fizessem o mesmo, os agricultores se adaptariam à demanda".
Autor: Marco Müller (br)
Revisão: Roselaine Wandscheer