Homem é libertado nos EUA após 30 anos no corredor da morte
4 de abril de 2015Anthony Ray Hinton, que havia sido condenado à pena capital por dois homicídios, foi considerado inocente e libertado, depois de passar quase 30 anos no corredor da morte no estado americano do Alabama, anunciaram neste sábado (04/04) os advogados de defesa. Novos exames confirmaram que um revólver encontrado em sua casa não podia ser a arma do crime. "Queriam me executar por algo que não cometi", afirmou Hinton, na sexta-feira, após sua saída da cadeia.
Todas as acusações contra ele foram abandonadas na quinta-feira, por decisão da juíza Laura Petro, do tribunal distrital do condado de Jefferson, segundo a organização não governamental Equal Justice Initiative (EJI).
Anthony Ray Hinton, de 58 anos, é a 152ª pessoa condenada à morte a ser inocentada desde 1973 nos Estados Unidos e a segunda neste ano, de acordo com uma contagem do Centro de Informação sobre a Pena Capital (Dpic).
Hinton é um dos presos absolvidos que mais tempo passou no corredor da morte no Alabama.
Um júri popular condenou à morte Anthony Hinton, então com 29 anos, pelo assassinato de dois funcionários de restaurantes fast food em dois assaltos diferentes, ocorridos em 1985. Não houve testemunhas oculares, e a prova principal era uma arma encontrada na casa dele.
Em 2002, vários peritos, incluindo um antigo responsável do FBI, haviam dado pareceres de que a arma apreendida não podia ter disparado as balas dos homicídios.
"Procurador conhecido por preconceitos raciais"
Em 2014, o Supremo Tribunal dos EUA cancelou a sentença, considerando que Hinton teve ferido seu direito a um julgamento justo, por causa de um erro da defesa. O Supremo baseou sua decisão no fato de que o então advogado de Hinton chamou um expert em balística não qualificado como testemunha, para refutar a tese da acusação. O depoimento do profissional foi, então, desmantelado pela promotoria.
A acusação contra Hinton, que é negro, foi conduzida, de acordo com a EJI, por um procurador conhecido "pelos preconceitos raciais".
"A raça, a pobreza, uma defesa inadequada e o desprezo pela presunção de inocência mostrada pela acusação fazem deste processo um caso da escola da injustiça", afirmou, em comunicado, Bryan Stevenson, advogado do condenado e diretor da EJI.
MD/lusa/dpa