1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
História

Herdeira de fabricante alemã de biscoitos minimiza nazismo

16 de maio de 2019

Verena Bahlsen afirma que sua empresa "tratou bem" trabalhadores forçados durante o regime nazista. Diante de onda de indignação, ela se vê obrigada a pedir desculpas.

https://p.dw.com/p/3Ic6L
Verena Bahlsen
Verena Bahlsen: "Nós pagamos os trabalhadores forçados assim como os alemães, nós os tratamos bem"Foto: picture-alliance/dpa/M. Skolimowska

A herdeira da fabricante alemã de biscoitos Bahlsen gerou polêmica esta semana ao afirmar que a empresa "tratou bem" trabalhadores forçados durante o regime nazista.

"Isso foi antes do meu tempo, e nós pagamos os trabalhadores forçados assim como os alemães, nós os tratamos bem", declarou Verena Bahlsen, de 26 anos, ao jornal Bild, nesta segunda-feira (13/05).

Receba as notícias e análises da DW no Twitter 

Depois das reações negativas, a jovem herdeira se desculpou pelas declarações. "Nada mais distante das minhas intenções do que minimizar o nazismo e suas consequências", afirmou, um dia depois.

Verena Bahlsen
Verena Bahlsen: "Nós pagamos os trabalhadores forçados assim como os alemães, nós os tratamos bem"Foto: picture-alliance/dpa/M. Skolimowska

Verena, que detém uma quarta parte da empresa, disse que lamenta profundamente o que disse. "Foi um erro amplificar esse debate com respostas impensadas. Peço desculpas por isso", afirmou em comunicado no site da família Bahlsen.

A polêmica começara já antes, quando Verena afirmou, durante uma entrevista num evento comercial, que "só quer ganhar dinheiro e comprar iates com seus dividendos" na empresa.

Quando foi lembrada, nas redes sociais, que sua família ganhou dinheiro às custas de trabalho forçado durante o nazismo, respondeu com a declaração polêmica ao Bild.

Segundo estimativas, 13 milhões de pessoas realizaram trabalhos forçado durante o regime nazista. Em 2000, cerca de 60 habitantes do Leste Europeu que foram forçadas a trabalhar para a Bahlsen entraram na Justiça contra a empresa. Segundo estimativas, entre 1941 e 1945, mais de 200 pessoas, a maioria mulheres ucranianas, foram forçadas a trabalhar na fábrica da Bahlsen em Hannover.

Mulher morde biscoito da marca Bahlsen
Os biscoitos da Bahlsen são conhecidos em toda a AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa

O caso foi rejeitado pela Justiça alemã, que afirmou que ele já prescrevera, mas a Bahlsen optou por se unir a uma iniciativa para compensar milhões de vítimas de trabalhos forçados no regime nazista, colaborando com mais de 1,5 milhão de marcos alemães.

"Devo reconhecer que preciso aprender mais sobre a história da empresa cujo nome eu carrego", admitiu Verena Bahlsen em seu comunicado.

A diretora do Centro de Documentação sobre o Trabalho Forçado Nazista, Christine Glauning, se disse chocada com as declarações de Verena Bahlsen, mas acrescentou que o caso ilustra a falta de conhecimento sobre o sofrimento dos trabalhadores forçados da era nazista.

Glauning ressaltou que muitas outras empresas alemãs enfrentaram uma situação semelhante, entre elas a Volkswagen, que "adotou medidas para lidar com o seu passado ao abrir um memorial dedicado aos seus trabalhadores forçados durante a Segunda Guerra Mundial".

O caso da herdeira da Bahlsen gerou ampla discussão nas redes sociais alemãs. Algumas pessoas disseram que ela deveria prestar um ano de serviço social para melhorar seus conhecimentos sobre a história da Alemanha.

Outros foram irônicos e disseram que os biscoitos da Bahlsen são, a partir de agora, o "lanchinho oficial" da Alternativa para a Alemanha (AfD), o partido populista de extrema direita.

A Bahlsen comemora este ano 130 anos de existência e tem um faturamento anual de 560 milhões de euros.

AS/dpa/rtr/afp/dw

______________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube 

WhatsApp | App | Instagram | Newsletter