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Grécia teme escalada de violência após ataque a extremistas de direita

2 de novembro de 2013

Assassinato de dois membros do Aurora Dourada, em frente à sede do partido em Atenas, deve aumentar tensão política no país. O ataque foi condenado por políticos do governo e da oposição.

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Foto: AFP/Getty Images

Dois membros do partido grego de extrema direita Aurora Dourada foram assassinados a tiros nesta sexta-feira (01/11), em frente à sede da legenda, no subúrbio de Atenas. O caso aumenta os temores de uma possível escalada da violência e da instabilidade política no país.

O atentado ocorre em meio a diversas polêmicas envolvendo o partido, que tem enfrentado indignação cada vez maior por parte da população, além de repressão do governo, após o assassinato de um rapper, em setembro, atribuído a um simpatizante da sigla.

As duas vítimas, de 22 e 27 anos, foram alvejadas a curta distância por dois homens em uma motocicleta, segundo o parlamentar do Aurora Dourada Georgios Germenis. "Um dos homens desceu da motocicleta, usando um capacete, e atirou neles", contou. O ataque, segundo o parlamentar, teria sido filmado por uma câmara de segurança na sede do partido. Um terceiro homem também foi atingido e levado ao hospital, gravemente ferido.

Germenis alegou que o atentado ocorreu logo após a suspensão da proteção policial que vinha sendo mantida no escritório do partido. "O governo nos deixou expostos para que pudéssemos ser mortos", esbravejou. "Tínhamos recebido ameaças em nossa sede e informamos a polícia local. Eles tinham colocado oficiais à paisana do lado de fora todos os dias, até hoje".

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Líder do Aurora Dourada, Nikos Michaloliakos, suspeito de envolvimento em uma série de crimes com motivação políticaFoto: picture-alliance/dpa

Após o ataque, tropas de choque da polícia isolaram as ruas nas redondezas da sede do partido, cuja fachada está coberta por uma enorme bandeira grega

"Tratamento impiedoso" aos autores

Políticos que no passado recriminaram o Aurora Dourada – a terceira força política mais popular do país – foram unânimes em condenar o atentado. O porta-voz do governo, Simos Kedikoglou, afirmou a repórteres que os assassinos receberão da democracia grega um "tratamento impiedoso".

Dimitris Papadimoulis, parlamentar do Syriza – o partido esquerdista de oposição, que combate com veemência o Aurora Dourada – qualificou o atentando com um "golpe na democracia", e afirmou que isso apenas "alimenta o fascismo", em vez de derrotá-lo.

O ministro da Ordem Pública da Grécia, Nikos Dendias, declarou que não irá permitir que a Grécia se torne um "campo de batalha" para ajustes de contas.

Ninguém ainda assumiu a autoria do atentado. Um policial afirmou que há a suspeita de que os autores pertençam a grupos de oposição ao sistema, e disse que a polícia estaria satisfeita por não se tratar de uma disputa pessoal.

O Aurora Dourada declarou que a culpa do atentado recai sobre o governo "anti-Grécia" do primeiro-ministro Antonis Samaras, que "permitiu que terroristas sem controle assassinassem os jovens rapazes a sangue-frio".

Aumento da violência política

Após embarcar em uma onda de ódio contra as políticas de austeridade impostas pelo governo, o partido de extrema direita viu alguns de seus líderes serem presos em consequência de investigações sobre seu envolvimento em atentados e outras atividades criminosas.

O governo chegou a prometer no passado que iria eliminar a agremiação, chegando a classificá-la de "gangue neonazista". No entanto, o Aurora Dourada conseguiu no ano passado eleger representantes no Parlamento grego, com uma campanha marcada pela política anti-imigração.

O Aurora Dourada rejeita o rótulo de neonazista, apesar de seu símbolo ser muito semelhante a uma suástica e de seu líder ter negado o Holocausto. Os temores de um possível aumento da violência política no país já eram sentidos em janeiro, quando agressores não identificados abriram fogo na sede do partido governista Nova Democracia.

RC/rtr/ap