Grécia mantém impasse na escolha de presidente
23 de dezembro de 2014Depois que o ex-comissário europeu Stavros Dimas não conseguiu a maioria necessária para se eleger presidente da Grécia, na segunda rodada de votação realizada nesta terça-feira (23/12) no Parlamento em Atenas, as atenções se voltam agora para a terceira e última rodada, a se realizar na próxima segunda-feira.
Na Grécia, o presidente não é eleito diretamente pelo povo, mas pelo Parlamento. Se Dimas não conseguir se eleger na próxima semana, é possível que o partido esquerdista Syriza, contrário às reformas no país, consiga chegar ao poder. Pois, se o candidato do primeiro-ministro, Antonis Samaras, também falhar na terceira votação, um novo Parlamento deverá ser eleito no início de 2015, e o Syriza é o favorito nas pesquisas .
Somente 180 votos são necessários
Na terceira rodada de votação da eleição presidencial não são mais necessários 200, mas somente 180 votos. A ala governista dispõe, no entanto, somente de 155 deputados. O premiê Samaras está tentando ganhar os votos de deputados independentes, oferecendo-lhes uma participação no governo.
"Tenho esperança de que possamos evitar um perigo nacional na terceira rodada", afirmou Samaras após a segunda votação, em que seu candidato Dimas recebeu 168 votos a favor, 131 contra e houve uma abstenção.
Crise na Grécia: um povo exaurido
O mandato do atual presidente, Karolos Papoulias, do partido socialista Pasok, vai terminar somente em março de 2015. No entanto, Samaras decidiu no início de dezembro antecipar as eleições presidenciais. O seu objetivo era abreviar o impasse político.
Mas, agora, paira a ameaça de que Dimas – que foi responsável pela pasta do Emprego e Assuntos Sociais, como também do Meio Ambiente na União Europeia – se torne um símbolo do fracasso do governo. Uma probabilidade que nada contribui para o espírito natalino em Bruxelas, Paris ou Berlim.
Negociações de verdade
Alexis Tsipras, adversário de Samaras e líder do partido Syriza, exige há muito tempo eleições antecipadas. Ele quer afrouxar as exigências da comunidade internacional frente à Grécia. "Com um voto forte do povo no próximo ano, o nosso país vai abrir caminho para negociações de verdade", afirmou Tsipras.
Desde 2010, dois programas de resgate no total de 240 bilhões de euros têm evitado a inadimplência da Grécia. No próximo ano, Atenas pretende voltar aos mercados financeiros.
De acordo com as pesquisas de opinião, o partido esquerdista Syriza está à frente na preferência dos eleitores, mas a vantagem tem diminuído. Em dois levantamentos divulgados no último fim de semana, o Syriza ainda tinha, respectivamente, três e seis e meio pontos de vantagem sobre o partido conservador Nova Democracia, de Samaras.
CA/dpa/rtr/afp