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Grupo de mídia Kirch resiste a decretar falência

(ns)27 de março de 2002

A falência favoreceria Silvio Berlusconi e Rupert Murdoch, à espreita para entrar no mercado alemão. Bancos querem evitá-la e sindicatos estão preocupados com 3 mil empregos.

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Murdoch e Berlusconi são os principais interessados na falência de KirchFoto: AP

Ao que tudo indica, o KirchGruppe ainda tem recursos para tocar seus negócios. Um porta-voz desmentiu que a poderosa empresa de mídia esteja prestes a decretar insolvência, afirmando que ainda se aposta numa "solução construtiva". As negociações com os bancos prosseguem, disse. Dessa forma, o KirchGruppe desmentiu notícias veiculadas pela imprensa nesta quarta-feira (27).

Insolvência antes da Páscoa

- Segundo a edição alemã do Financial Times, Kirch talvez tivesse que entrar com o pedido ainda antes da Páscoa. Independentemente das negociações, o sindicato alemão dos prestadores de serviços Ver.di conta com a perda de vários empregos nas empresas pertencentes ao império do empresário de Munique Leo Kirch.

Os bancos credores e o grupo de acionistas em torno do magnata da mídia Rupert Murdoch e do chefe de governo italiano, Silvio Berlusconi, tornaram a reunir-se nesta quarta-feira (27). Na véspera eles não conseguiram chegar a um acordo quanto a um crédito imediato para garantir a liquidez do KirchGruppe, cujas dívidas conhecidas somam 6,5 bilhões de euros.

Murdoch como abutre

- Contas vencidas de 200 milhões de euros tornam urgente uma nova injeção financeira. "No momento a falência de Kirch é mais provável do que nós assumirmos uma participação maior", declarou um representante do grupo do australiano-americano Murdoch e de Berlusconi. Murdoch foi representado hoje numa caricatura como um abutre à espera da carniça.

A disputa gira em torno da KirchMedia, a empresa central do império e a mais lucrativa. Ela inclui os canais de tevê alemães ProSieben, Sat.1 e Kabel 1, bem como os negócios com direitos de filmes e transmissão de jogos de futebol, inclusive as copas do mundo de 2002 e 2006.

O papel dos bancos

- Os bancos gostariam de manter pelo menos uma participação de 26% na KirchMedia, pois com essa porcentagem teriam direito de veto, podendo influenciar na sua reestruturação posterior. A maioria, atualmente nas mãos de Kirch, seria assumida pelo grupo de investidores em torno de Murdoch, Berlusconi e o banco de investimento Lehman Brothers. Mas nenhum teria, individualmente, influência decisiva.

O que estaria em aberto é se Leo Kirch e seu filho, Thomas, entregariam todo o seu pacote de ações, de 79%. Segundo a imprensa, eles poderiam ficar com 14%, enquanto Murdoch e Berlusconi aumentariam sua participação, atualmente entre 2% e 3%, para 20% cada um.

O czar alemão da mídia, que no passado teve amplo apoio dos bancos, inclusive do Banco Estadual da Baviera, não pode contar agora com ajuda do Estado. Tanto o governo federal alemão como o bávaro já excluíram qualquer intervenção.

Círculos ligados aos bancos acham possível que Murdoch e Berlusconi tentem provocar a falência do KirchGruppe, para diminuir o preço. Depois de assumir a empresa, poderiam "tirar uma a uma as uvas passas do bolo". Os bancos, por sua vez, tentarão evitar o colapso do império da mídia, pois as conseqüências seriam graves.

Sindicatos preocupados com empregos

- O sindicato Ver.di conclamou todos os envolvidos a pensarem nos empregos. "Os funcionários não devem pagar o pato pelos erros da política empresarial", disse um porta-voz. Somente no canal de tevê por assinatura Premiere, a parte da empresa que mais contribuiu para afundá-la, estariam ameaçados 2400 empregos. Outros 400 poderiam ser cortados no canal esportivo DSF e nas emissoras locais em Berlim, Hamburgo e Munique.