Gregos dizem que pagamento da dívida é questão política
4 de junho de 2015Um encontro entre o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e credores internacionais iniciado nesta quarta-feira (03/06), em Bruxelas, estendeu-se até as primeiras horas da manhã desta quinta-feira, na tentativa de se chegar a um acordo.
As conversas com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselboem,giraram em torno de que reformas que a Grécia precisa implementar para chegar a um entendimento com os credores.
Com o prazo para o pagamento de 1,6 bilhão de euros em empréstimos expirando ainda neste mês, Atenas está correndo contra o tempo para alcançar um acordo com as instituições credoras – Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI). Com o acordo, a Grécia poderá acessar ajudas financeiras cruciais no montante de 7,2 bilhões de euros.
Nesta sexta-feira, Atenas está diante de uma prova de fogo: terá de pagar uma parcela de 305 milhões de euros ao FMI. Segundo o governo grego, o país dispõe de fundos suficientes para o serviço da dívida, mas ainda não deu a ordem para transferir o dinheiro.
De acordo com fontes da Agência de Gestão da Dívida Pública grega (PDMA, na sigla em inglês), tanto o dinheiro desta sexta-feira quanto a parcela de 335 milhões de euros que vence em 12 de junho estão disponíveis, mas a decisão de fazer ou não os pagamentos é "política".
Há poucos dias, diversos dirigentes do Syriza, partido de Tsipras, asseguraram que o pagamento só seria feito se houvesse ao menos uma perspectiva de acordo. O fato de a reunião em Bruxelas não ter produzido resultados significativos, deixa aberta a incerteza sobre o pagamento.
"Reunião construtiva"
A Grécia e as instituições credoras ainda continuam com divergências significativas quanto ao sistema de pensões. No tocante ao saldo orçamentário primário (sem juros da dívida), o governante grego informou, porém, que se pode estar perto de um entendimento.
No final de quatro horas de reunião em Bruxelas, Tsipras disse acreditar que haverá progressos nos próximos dias e acrescentou que o importante é não "fazer os mesmo erros do passado", quando foram seguidas políticas de austeridade duras. "Acredito que, em todo caso, vislumbra-se um acordo, mas precisamos concluir as discussões com base em pontos de vista realistas."
Em comunicado, a Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia (UE), disse que esta foi "uma reunião construtiva" e que foram feitos progressos para cada parte entender as posições do outro. Dijsselbloem também falou aos jornalistas após o encontro, mas se limitou a dizer que as conversações foram "boas" e que "continuarão dentro de alguns dias".
CA/lusa/afp/dpa