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Greenpeace alemão

28 de agosto de 2010

Em 28 de agosto de 1980, a organização de proteção ambiental Greenpeace fundou uma sede na Alemanha. O país com um forte movimento verde viria a contribuir para inúmeras conquistas dessa rede de temerários ativistas.

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Greenpeace alerta para proteção das baleias em ação na Alexanderplatz de Berlim, em 2003Foto: AP

"Vamos nos empenhar por uma paz verde." Esse é o lema dos ativistas do Greenpeace, uma organização não-governamental fundada em 1971 no Canadá. Nove anos depois, foi criada uma representação alemã. Hoje, os membros alemães são os especialistas mais consultados dessa rede internacional de ambientalistas.

Regine Frerichs, mergulhadora profissional e membro da equipe de especialistas do Greenpeace, está trabalhando atualmente a bordo do navio Arctic Sunrise, no Golfo do México. A equipe do Greenpeace está recolhendo amostras de água numa área do litoral norte-americano que não foi atingida pelo devastador vazamento de petróleo. A ideia é comparar a qualidade das amostras recolhidas, a fim de investigar o impacto dessa catástrofe ecológica sobre a biosfera.

Greenpeace Protest gegen BP
Protesto contra a BP em Londres, após catástrofe no Golfo do México, em maio de 2010Foto: picture-alliance/dpa

Frerichs afirma não ter medo dessa missão, apesar de a substância Corexit, usada em grande quantidade para dissolver o óleo, ser bastante tóxica. "Estamos preparados para tudo", afirma a mergulhadora, destacando um dos maiores fortes do Greenpeace.

Enfrentar os perigos com ousadia, denunciar crimes contra a flora e a fauna: é nisso que consiste o mérito da principal organização ambiental atuante na Alemanha há 30 anos.

Operações temerárias

Harald Zindler, cofundador da representação alemã do Greenpeace, explica que esses ativistas jamais deixarão de por o dedo na ferida, o que necessariamente implica confronto. Nos 30 anos de existência do Greenpeace alemão, inúmeras fotos de ações de protesto espetaculares foram divulgadas em todo o mundo.

A imagem de uma das primeiras campanhas do gênero mostra um homem sobre o cano de descarga do navio Kronos, que despejava resíduos de dióxido de titânio no Mar do Norte. Foi Gerhard Wallmeyer, veterano do Greenpeace alemão, que tirou a foto na época.

Hoje, ele relembra a arriscada operação: "O ativista que estava sentado no cano acabou correndo risco de vida, pois o navio partiu durante a noite. Não estávamos preparados para navegar em alto mar. Tínhamos apenas dois botes infláveis para seguir o navio. Tentamos iluminá-lo com um holofote, a fim de detê-lo. Se não tivéssemos conseguido manter o foco de luz sobre o nosso ativista, ele estaria perdido, poderia ter caído no mar, pois não estava amarrado ao cano", recorda Wallmeyer.

Por fim, o Greenpeace teve êxito com essa operação. O permanente cerco dos ativistas acabou impedindo o navio de despejar no Mar do Norte os resíduos tóxicos da indústria de tintas.

Espetáculo da denúncia

Bdt Aktivisten der Umweltschutzorganisation Greenpeace schwimmen in der Spree vor dem Reichstag in Berlin
Ativistas navegam em frente ao Reichstag, para reivindicar mais verbas para combate ao desmatamento, em 2008Foto: AP

Os ativistas do Greenpeace sempre conseguem exercer pressão sobre poluidores do meio ambiente e sobre políticos. Sua estratégia não é mobilizar grandes passeatas, mas sim organizar ações espetaculares, sempre livres de violência, com pequenas equipes de profissionais temerários.

A chave desse tipo de operação é a divulgação pela mídia. As imagens do bem e do mal são propagadas em grande escala. No entanto, às vezes as ações são ainda mais diretas.

Certa vez, membros do Greenpeace entregaram aos secretários do Meio Ambiente dos estados alemães uma amostra de areia radioativa, a fim de alertar para os riscos do transporte de lixo atômico entre a Alemanha e a estação britânica de processamento de Sellafield.

Gorleben Greenpeace Demonstration
Protestos em Gorleben, em 2004Foto: AP

Para os ativistas do Greenpeace, a energia nuclear é um dos piores inimigos. No caso da campanha contra o depósito de lixo atômico de Gorleben, os especialistas em questões nucleares compilaram 12 mil páginas, entre as quais atas de reuniões governamentais, pareceres e estudos.

Na central de Hamburgo, o Greenpeace emprega biólogos, ecologistas e engenheiros com capacidades especiais como nervos fortes, domínio corporal e prontidão para entrar em ação a qualquer hora.

Invenções ecológicas como alternativa

O Greenpeace não só denuncia e provoca, mas também emite pareceres para respaldar as reivindicações de maior proteção animal e ambiental. E os especialistas também apontam alternativas viáveis.

Foram os ativistas do Greenpeace que conseguiram, por exemplo, introduzir a reciclagem de papel na Alemanha, a fim de colaborar para o controle do desmatamento. Outras conquistas suas foram a primeira geladeira sem clorofluorocarboneto, nocivo à camada de ozônio; o carro econômico que faz mais de 25 quilômetros com um litro de gasolina; e o fornecimento de energia elétrica ecológica via uma cooperativa própria.

Greenpeace-Aktivistin bei der UN Konferenz zur Biologischen Vielfalt in Bonn
Jovem ativista do Greenpeace diante a conferência de biodiversidade das Nações Unidas em Bonn, em 2008Foto: AP

Apesar de a atuação do Greenpeace ser amplamente reconhecida, há quem ache que a organização é dirigida como uma grande empresa, de forma hierárquica, centralizada, sem decisões democráticas.

A central em Hamburgo se defende, alegando que só assim é possível agir com a rapidez necessária. Seja como for, o Greenpeace já conquistou há muito seu lugar cativo nas conferências mundiais sobre o clima e nos grêmios internacionais de política ambiental.

Autor: Karin Jäger (sl)
Revisão: Augusto Valente