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Grande coalizão consolida poder de Merkel

Kay-Alexander Scholz (md)27 de novembro de 2013

Angela Merkel está perto de liderar, pela segunda vez, um governo ao lado dos social-democratas. A coalizão seria tão ampla que criaria uma situação interna confortável, permitindo à chanceler se dedicar mais à UE.

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Foto: Reuters

Durante as negociações para formação de uma nova coalizão de governo, pouco se ouviu da boca da chanceler federal alemã, Angela Merkel. Quando muito, somente algumas poucas declarações reticentes, típicas da chefe de governo alemã: "temos que nos preocupar em não perder postos de trabalho" ou "quanto ao salário mínimo, temos de estar dispostos a fazer concessões".

Em público, ela abraça algumas posições específicas e, assim, mantém distância da política diária. Merkel prefere moderar, corrigir e apaziguar, sem abrir mão, entretanto, do seu poder de decisão política como líder do governo. No final, quem decide é ela − frequentemente buscando um acordo, mas às vezes também de modo frio e seco.

Os críticos afirmam que Merkel reina sobre a política alemã. Mas ela tem sucesso com seu estilo. Conseguiu aproximar ainda mais o seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), do centro da sociedade, atingindo novos grupos de eleitores. A campanha eleitoral, feita sob medida para ela, e o resultado excepcional da CDU foram confirmações recentes do sucesso desse estilo de governo.

Sem dificuldades aparentes

O estilo da chanceler refletiu-se também na estrutura das negociações de coalizão. Várias vezes, uma dúzia de grupos de trabalho se encontraram, e houve também pequenas e grandes rodadas de negociação. Delas participaram não só políticos federais ou líderes partidários, como também políticos regionais e governadores. Tal esforço é algo inédito na Alemanha e tem a marca do pragmatismo merkeliano.

Merkel sabe que, se tomar agora algumas precauções, governar nos próximos quatro anos poderá ser uma tarefa relativamente simples, dada a confortável maioria que a coalizão desfrutará no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento. A oposição, composta pelo Partido Verde e por A Esquerda, é numericamente tão pequena que pouco pode fazer para pressionar o governo.

No Bundesrat, a câmara alta do Parlamento, Merkel também não precisa temer dificuldades. A câmara representa os interesses dos estados da federação, e também nela os partidos da coalizão são maioria.

Num cenário como esse, nada melhor que envolver o maior número possível de atores nas negociações da coalizão e fazê-los assumir responsabilidades desde o início. Outro ponto importante é fazer logo alguns acertos, para diminuir o risco de discordâncias futuras entre os partidos e consequente perda de tempo durante o período que se inicia.

Berlin - Angela Merkel 2009 Wahlabend Bundestagswahl
Merkel festeja vitória da CDU nas eleições em setembro: resultado confirmou sucesso de seu estilo de governoFoto: Getty Images

Com uma grande coalizão, fica também mais fácil reorganizar as difíceis mas importantes relações de financiamento entre estados e federação. Esta será uma tarefa para os próximos anos, porque a partir de 2020 os estados alemães não poderão fazer dívidas novas, como, antes, o governo federal.

Além disso, a economia alemã vai bem, e Merkel pode se beneficiar disso no seu terceiro mandato.

Mais tempo para a Europa

Se o cenário positivo se confirmar e Merkel tiver uma situação confortável no próprio país, ela poderá se dedicar a uma outra tarefa. Já faz tempo que a chanceler repete que é hora de a Europa se recuperar. E recentemente ela afirmou que deseja se ocupar mais da integração política da União Europeia.

Merkel é a favor de instituições mais fortes, também para que os europeus possam se proteger de futuras crises. Em vez de se ocupar da criação de normas e regulamentações, a União Europeia deve se voltar para questões políticas e econômicas e criar condições para o crescimento econômico e inovação, defende a chanceler federal alemã.