Governo venezuelano anuncia melhora na saúde de Chávez
14 de janeiro de 2013A saúde do presidente venezuelano, Hugo Chávez, apresenta uma evolução "favorável" um mês após ter sido operado de câncer, afirmou o governo venezuelano, após um fim de semana marcado pela visita de importantes líderes regionais e membros de alto escalão do gabinete de Chávez a Cuba.
Em comunicado oficial lido pelo ministro venezuelano das Comunicações, Ernesto Villegas, informou-se que "apesar de seu delicado estado de saúde depois da complexa intervenção cirúrgica de 11 de dezembro passado, nos últimos dias a evolução clínica geral tem sido favorável, e o presidente continua a seguir estritamente o tratamento médico", leu Villegas.
O ministro disse ainda que "a infecção pulmonar está controlada, apesar de o comandante presidente ainda requerer medidas específicas para solucionar a insuficiência respiratória."
Apesar do tom positivo do comunicado, o presidente venezuelano – que perdeu sua própria posse na semana passada – não tem sido visto nem escutado em público. Isso aumentou as dúvidas sobre se a saúde delicada de Chávez lhe permitirá assumir o mandato que ganhou nas eleições de outubro último, para governar seu país até 2019.
Visitas de primeiro escalão
Entre os governantes que marcaram presença em Cuba, neste fim de semana, estava a presidente argentina, Cristina Kirchner, que se encontrou com os irmãos Raúl e Fidel Castro antes de continuar sua viagem oficial à Ásia, como também o presidente peruano, Ollanta Humala.
Não houve confirmação oficial se Kirchner e Humala puderam se encontrar pessoalmente com o presidente venezuelano. Kirchner entregou uma Bíblia aos familiares de Chávez.
A imprensa na Venezuela avaliou que a presidente argentina quis, dessa forma, demonstrar solidariedade para com a família do chefe de Estado socialista.
Segundo a agência de notícias Reuters, um assessor do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva informou que Lula viajará a Cuba para fazer uma visita a seu amigo no final de janeiro.
Vazio no comando
A doença do presidente venezuelano deixou um vácuo de poder após 14 anos de socialismo marcado pelo culto à personalidade, o que fez de Chávez uma figura dominante na América Latina.
Também neste fim de semana, os três nomes mais poderosos do governo venezuelano depois de Chávez voltaram a se encontrar em Cuba para averiguar o estado de saúde de seu líder e se reunir com as lideranças em Havana.
O vice-presidente e candidato preferido de Chávez para sucedê-lo, Nicolás Maduro, o presidente do Legislativo venezuelano, Diosdado Cabello e o ministro do Petróleo, Rafael Ramírez, surgem como os arquitetos da transição para a era pós-Chávez.
Venezuela sem rumo?
Heinz Dieterich, sociólogo e antigo assessor do presidente venezuelano, afirmou não acreditar que dentro do partido possa haver um herdeiro único que preencha a lacuna deixada pelo líder. A afirmação gradual da influência de Maduro, Cabello e Ramírez sinaliza que eles estão testando a capacidade de dividir responsabilidades na ausência de Chávez.
O equilíbrio de poder entre os três – que nem sempre tiveram boas relações – e sua habilidade de cooperação serão cruciais para determinar se a Venezuela continuará no caminho de Chávez rumo a um socialismo radical ou se o país irá se desenvolver em direção a um estilo moderado de administração esquerdista, como foi o caso do Brasil.
Críticos indignados dizem, no entanto, que a Venezuela está sem rumo e subordinada aos caprichos de Cuba. "Nós sabemos de qual comandante eles estão recebendo ordens agora", disse a política venezuelana de oposição Maria Corina Machado. No domingo, a troica venezuelana se encontrou com o presidente cubano, Raúl Castro.
Transição de grande interesse
Se Chávez não puder assumir o cargo, novas eleições serão convocadas em 30 dias, com Maduro concorrendo como candidato do Partido Socialista. Mas o governo venezuelano dá poucos detalhes sobre as condições de Chávez, e nenhuma evidência concreta de que ele estaria ao menos consciente.
As autoridades venezuelanas disseram que não haveria necessidade de uma vistoria médica para verificar se Chávez está em condições de governar, e parecem querer deixá-lo no comando do país – talvez em estado vegetativo – por semanas ou meses.
A transição está sendo acompanhada de perto por companhias de petróleo que anseiam por um maior acesso às maiores reservas de petróleo do mundo, como também por investidores estrangeiros que compraram títulos venezuelanos de alto rendimento e amplamente negociados.
CA/rtr/dpa/kna
Revisão: Francis França