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Governo quer restringir acesso juvenil aos cigarros

Alessandra Andrade5 de fevereiro de 2002

Idade do consumidor será registrada em «chip» de cartão bancário, que impedirá a venda para jovens de menos de 16 anos nas máquinas de cigarro das cidades.

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Cigarro na mira do governoFoto: AP

O governo alemão possui uma nova estratégia de combate ao fumo para menores de 16 anos. Segundo Marion Caspers-Merk, encarregada das questões relacionadas a drogas do governo alemão, planeja-se restringir o acesso aos cigarros nas milhares de máquinas de venda distribuídas pelas cidades. A idéia é reprogramá-las para apenas efetuarem a comercialização com cartão bancário, o qual trará a idade do portador registrada no chip. As máquinas de cigarro farão a leitura dos dados e a venda só será concluída, se o comprador tiver mais de 16 anos de idade.

A medida, que deverá entrar em vigor até o fim do atual período legislativo, foi elogiada pela União da Indústria de Cigarro alemã. "Nós partimos do princípio de que o consumo de cigarro deve ser restrito aos adultos e, por isso, é necessário dificultar o caminho dos jovens ao cigarro", afirmou Ernst Brückner, diretor da União.

A reestruturação dos chamados "automáticos" custará tempo e dinheiro. A Alemanha dispõe de 830 mil máquinas de cigarros, ou seja, um posto de venda para cada 30 habitantes. Os grandes comerciantes de tabaco da Alemanha e os produtores das máquinas de venda de cigarros acreditam que só conseguirão cumprir a tarefa exigida pelo governo em cinco ou sete anos: uma megaoperação estimada em 500 milhões de euros.

A questão da privacidade

Na Europa, os cartões bancários já são amplamente utilizados para pagamentos à vista. Os "cartões-dinheiro" possuem um chip contendo dados sobre a conta do portador, por isso, recusam imediatamente o pagamento, caso o consumidor não disponha do saldo necessário para efetuar a compra.

A idéia de registrar a idade do usuário do cartão nesse chip levantou questões relacionadas a sua privacidade. A nova reestruturação do chip deverá ser cautelosa, de forma que outras informações pessoais sobre o portador da conta bancária não sejam lidas pelas máquinas de cigarro.

Por outro lado, questiona-se ainda a necessidade de toda essa operação. Helga Schumacher, responsável pelas questões de proteção de dados do governo alemão, acredita que a melhor saída seria "não permitir o acesso de menores de 16 anos aos cartões bancários e com isso evitar a reconfiguração dos chips".

Medidas que viraram fumaça

Há tempos, planeja-se diminuir o consumo de tabaco entre os jovens na Europa. Apesar dos alertas do Ministério da Saúde e da implantação de leis proibindo o fumo para menores, os cigarros continuam sendo comercializados livremente. Na Áustria, Itália e Espanha, a venda de cigarros para menores de 16 anos é proibida, porém a lei permanece no papel. Na prática, todos têm acesso aos tão desejados pacotinhos.

Desde 1933, o fumo em lugares públicos na Alemanha é apenas parcialmente permitido e, em alguns casos, totalmente proibido. Apesar do empenho, a luta antitabagista não atinge grandes resultados. O remédio mais efetivo contra o vício do cigarro continua sendo os preços elevados. Pesquisas revelam que os alemães se recusariam a comprar cigarros, se tivessem de pagar dois ou três euros a mais. Atualmente, cada maço custa cerca de 3 euros.

A mesma tática é também utilizada por outros países europeus. Nos últimos anos, o custo do cigarro na França duplicou, chegando a 3,5 euros. Mesmo na Suíça, onde os preços são menores, começa-se a pensar em um aumento do imposto sobre cigarros. Porém, os mais eficientes nessa batalha parecem ser os ingleses, que desbancam os fumantes com amargos 7 euros por maço.