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Governo de transição iraquiano divide imprensa alemã

av2 de junho de 2004

Com a nomeação do governo de transição começa nova fase para o Iraque pós-Saddam. Berlim quer transferência fatual de poder. Pontos de vista da imprensa alemã variam, ao interpretar a decisão do conselho governamental.

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Primeiro-ministro Iyad Allawi (esq.) e novo presidente iraquiano, Ghazi YawarFoto: AP

O governo alemão saudou a escolha do sunita Ghazi Mashal Ajil al Yawar como presidente interino do Iraque. Na qualidade de membro do Conselho de Segurança da ONU, Berlim insiste que o poder seja transferido o mais breve possível aos iraquianos.

Segundo o encarregado das relações teuto-americanas, Karsten Voigt, é importante que a partir de 1º de julho se conceda, de fato, o máximo de direitos de decisão ao povo iraquiano. Voigt acrescentou que a transferência de poder também contribuirá para que a presença militar dos Estados Unidos e aliados seja melhor aceita.

Uma transferência irrestrita da soberania não é possível, no momento, reconhece o encarregado das relações teuto-americanas. Os EUA e aliados não podem de forma alguma retirar-se totalmente do Iraque: "Já que os EUA começaram a guerra, agora têm também responsabilidade pela estabilidade política, democracia e direitos humanos".

Nas negociações em Nova York sobre uma nova resolução para o Iraque, a Alemanha está em contato estreito com a França, revelou Voigt. A França é membro com direito de veto, ocupando posição destacada no Conselho de Segurança.

Interpretações conflitantes

A imprensa alemã comentou a decisão do conselho iraquiano de transição de forma contraditória. O jornal General Anzeiger, de Bonn, a considerou "uma derrota política para os EUA". Adnan al Pachachi, de 81 anos, o candidato imposto por Paul Bremer, administrador civil norte-americano no Iraque, abandonou o ringue "desanimado e intimidado pelas intrigas iraquianas". Assim "perdeu-se a oportunidade para uma transição mais ou menos democrática".

O Frankfurter Rundschau interpreta os acontecimentos de forma diferente: "O novo governo de transição vem dos quadros do antigo conselho governamental. Os políticos preferidos pelos EUA manipulam os mecanismos que determinam as condições para as eleições, para as quais eles mesmos se candidatarão. Mas a trama é tão grosseira que provavelmente todo iraquiano a perceberá".

Segundo o Leipziger Volkszeitung: "Quem toma as decisões relevantes é o primeiro-ministro Iyad Allawi. Com isso, as forças de ocupação repetem o erro de só dar lugar aos colaboradores. A instalação de uma liderança obediente aos EUA não leva nem a um governo com legitimidade nacional, nem reconhecido internacionalmente". A série de atentados em Bagdá, imediatamente após o anúncio gabinete governamental reconhecerá um padrão: "toda colaboração suposta ou fatual leva sempre a mais violência".

Já o Frankfurter Allgemeine Zeitung fala em "moderação e reconciliação". Afinal, no passado, Ghazi al Yawar haveria criticado com rigor tanto os ocupadores norte-americanos como seus compatriotas. Sua vantagem seria também "que o novo presidente não pertence a nenhum partido nem defende uma ideologia rígida".