Governo alemão apóia reintegração de brasileiros
10 de outubro de 2006A dois anos de terminar a graduação em Engenharia Civil na Alemanha, a baiana Viviane Lima já pensa em retornar ao Brasil. A estudante diz que não sabe o que a aguarda no mercado de trabalho e tenta preparar a volta ao país: "Busco informações. Quero saber o que é ou não possível".
Para orientar pessoas que estão na mesma situação de Viviane, desde 1992 o comitê alemão da instituição sem fins lucrativos World University Service promove em parceria com a ZAV, Agência Internacional de Empregos, e com o apoio do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, a reintegração de estrangeiros que trabalharam e/ou estudaram por longos períodos na Alemanha e que pretendem retornar a seus países de origem.
De acordo com Petra Loch, diretora do programa de retornados, "a idéia é criar uma rede de relacionamento entre pessoas de mesma nacionalidade para que elas troquem informações entre si e gerem um sistema de cooperação mútua".
Para atingir este objetivo, WUS e ZAV subsidiaram a criação de escritórios locais em, até agora, dez países. No Brasil, a Agência Brasil-Alemanha, fundada em agosto do ano passado, em Curitiba (Paraná), funciona junto ao Instituto Goethe.
A diretora, Jacinta Arnhold, explica que o principal foco é a recolocação profissional dos retornados. A instituição faz contatos com empresas e universidades brasileiras verificando a existência de vagas e encaminhando currículos de recém-chegados ao país ou que estão para desembarcar da Alemanha.
A Agência Brasil-Alemanha participa também de seminários levando informações sobre como se preparar para voltar, "caso contrário, o processo de reintegração cultural pode levar até um ano e meio", afirma a diretora.
Dicas importantes
Quem faz algum curso na Alemanha, deve estar atento aos cuidados necessários para a correta autenticação de documentos acadêmicos. Segundo Arnhold, deixar para preparar a papelada no Brasil é um erro freqüente que pode gerar altos gastos. Além disso, muitas universidades se recusam a reconhecer os certificados.
"Não basta fazer os créditos e tirar o diploma. É preciso ter o carimbo da universidade, assinatura do professor reconhecida pelo ministério alemão e o carimbo do consulado do Brasil", explica.
Outra orientação importante, segundo Arnhold, é manter os relacionamentos no país de origem durante a estada na Europa. "A indicação pesa na hora de escolher um funcionário. Se você não conhece ninguém, quebrou todos os contatos, desleixou, como irá voltar ao mercado de trabalho?", afirma.
Da mesma forma, é preciso construir uma network na Europa. O conhecimento do idioma alemão será definidor dos contatos no país. O empenho em aprender a língua é um esforço que pode ainda valer um emprego no Brasil. "Muitas empresas alemãs com filiais no Brasil dão prioridade a funcionários que já tenham tido alguma experiência no país devido ao conhecimento das duas línguas e das duas culturas", diz.
Auxílio financeiro
Nativos de países em desenvolvimento, portanto entre eles enquadram-se brasileiros, podem receber ajuda financeira fornecida pelo governo alemão através da ZAV. Para participar do programa, o estrangeiro precisa ter vivido por pelo menos dois anos na Alemanha, trabalhando ou estudando, com visto.
Segundo Petra Loch, o primeiro passo é a busca de informações sobre a situação atual no país de origem – realidade política, econômica, mercado de trabalho etc. Só então, o estrangeiro pode se inscrever nos programas de ajuda. "A pessoa tem que ter em mente que vai encontrar um país diferente daquele que deixou há alguns anos", diz.
O programa funciona como uma bolsa e prevê custear a passagem aérea, uma parte dos gastos com a mudança e um montante de, em média, cem euros por ano para investimento em literatura profissional no idioma alemão. O contemplado pode ainda viabilizar recursos para investimento em equipamentos para o local de trabalho através da bolsa.
De acordo com Petra Loch, uma das maiores dificuldades dos retornados brasileiros está em atuar na área em que realizaram os estudos devido aos baixos salários. Por isto, a ZAV oferece um incentivo com valor a partir de 300 euros, por até dois anos. "Queremos dar-lhes a oportunidade de começar uma carreira como professor ou como médico e de ter os equipamentos necessários para fazer um bom trabalho", resume.
De acordo com dados do WUS, no ano passado, 1700 brasileiros estudavam na Alemanha. Entre os 30 que se inscreveram no programa da ZAV, 23 receberam benefícios para retornar ao Brasil.
Contato com a Agência Brasil-Alemanha: [email protected].