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Google desenvolve óculos conectados à internet

Tobias Oelmaier (mdb)19 de março de 2013

A gigante da informática quer trazer ao mercado ainda este ano um par de óculos capaz de fornecer as mais variadas informações. Em entrevista à DW, especialista explica como a tecnologia funciona.

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Foto: REUTERS/Google/Handout

O Google está trabalhando num projeto de um óculos conectado à internet. Por meio desses óculos, seria possível obter informações sobre um objeto apenas olhando para ele.

Seria possível, por exemplo, ter diversas informações sobre um produto no supermercado. Os óculos também poderiam ser utilizados para obter informações sobre o lugar onde se está.

Segundo o Google, o Projeto Glass deve chegar ao mercado ainda este ano. A Deutsche Welle conversou com o especialista Jörg Brunsmann, que explicou o funcionamento da nova tecnologia.

DW: O Google quer lançar no mercado, ainda este ano, um modelo de óculos conectado à internet. Protótipos do produto já estão sendo testados. O que esses óculos são capazes de fazer?

Jörg Brunsmann: Eles deverão integrar ainda mais a internet ao nosso cotidiano. Através de uma tela pequena e transparente, eu recebo informações, mas ainda posso ver pelos óculos. O conceito por trás disso chama-se augmented reality (realidade aumentada, em português). Os óculos fornecem informações sobre coisas que eu estou vendo no momento ou sobre as quais eu gostaria de saber mais. Uma possibilidade levantada pelo Google é integrar um sistema de navegação, ou seja, informações sobre nomes de ruas e percursos.

Hoje em dia já é possível escanear o código de barras de um produto com smartphone para obter informações adicionais. Com esses óculos isso deve ficar ainda mais fácil. Eu só preciso olhar para o código de barras e, por meio de um comando de voz, acionar os óculos para que eles me informem o preço, que é exibido nos óculos. Não preciso tirar o smartphone do bolso para filmar ou escanear. A integração de informações da rede no cotidiano deverá ser muito mais direta.

Nos supermercados isso pode funcionar. Mas como seria no trânsito? As informações na lente não são irritantes?

Há muito já existe o projeto, por exemplo entre os fabricantes de automóveis, de fazer um display head-up. Com ele, eu não preciso mais desviar o olhar para o velocímetro ou para as placas de trânsito. As informações são expostas no meu campo de visão. Os óculos funcionam de maneira semelhante, pois eu tenho o monitor diante dos olhos. Se eu quiser ver algo fora dessa área, preciso apenas focalizar rapidamente o olhar, o que não é muito irritante.

O projeto já está sendo celebrado como uma revolução. Mas é mesmo assim?

O projeto segue seu caminho de revolucionar a operação dos computadores. No início, os computadores eram máquinas para especialistas, operadas por meio de cartões perfurados.

Depois vivenciamos diversas etapas intermediárias, incluindo também o PC normal, que é operado por meio do mouse e do teclado, aos quais tivemos de nos adaptar. Ainda não era possível "falar" com esses aparelhos, como será com os novos óculos. Se dissermos "óculos, tire uma foto!", eles vão fazer isso. Os óculos deverão se comunicar conosco. Eu falo com os óculos, e eles me dão informações visuais e de áudio.

Qual será a aparência desses óculos?

Existem diversos modelos, mas nada está decidido. Agora começa a fase em que o Google vai distribuir protótipos. A empresa está vivenciando uma alta demanda. O Google criou um site no qual as pessoas podem dizer o que fariam com os óculos caso os recebessem. O mais curioso é que o teste não é de graça para os testadores. As pessoas devem pagar mais de 1.500 dólares por esses protótipos, dos quais não se sabe o quanto eles ainda serão modificados até chegar ao mercado, no fim de 2013 ou até mesmo em 2014.

A chave do sucesso está no hardware, pois um fator decisivo será o peso dos óculos quando eles forem ser usados o dia inteiro. Um smartphone comum pesa entre 100 e 150 gramas. Claro que o display dos óculos é bem menor, mas ele terá que ter uma bateria que, logicamente, não poderá ser recarregada a cada uma ou duas horas. Isso significa que é decisivo como esse hardware será formatado, sua leveza e facilidade de operação, e também se a conexão com a internet é boa.

É preciso esperar para ver se tudo isso funcionará numa estrutura compacta ao lado da cabeça, e também em locais fechados. Na minha avaliação, ainda são necessários cinco ou seis anos até o Google conseguir produzir óculos com o design adequado e com um hardware adaptado para o uso cotidiano.