Elite em Davos
29 de janeiro de 2012Com muitas vozes pedindo uma participação maior da Alemanha na crise de endividamento, o Fórum Econômico Mundial se encerrou neste domingo (30/01) em Davos, na Suíça. Uma maior proteção para evitar a expansão da crise foi exigida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e por Estados poderosos fora da zona do euro. Isso significa: mais dinheiro dos contribuintes alemães.
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, alertou que a Europa deve reconquistar a confiança. Essa situação confusa deve ter um fim, disse Zoellick. No entanto, a chefe alemã de governo, Angela Merkel, e seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, rebateram todas as exigências por um aumento do volume do fundo de resgate permanente na União Europeia.
Alemanha na berlinda
Segundo os atuais planos, o fundo MEEF (Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira) deverá ter um volume de crédito de 500 bilhões de euros. No entanto, no último sábado, a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, como também representantes dos EUA, Japão e Reino Unido exigiram em Davos que a zona do euro disponibilize mais dinheiro para o resgate de países debilitados economicamente.
"É decisivo que a zona do euro estabeleça um a diretriz clara e simples, que tanto impeça a proliferação [da dívida] como também traga confiança", afirmou Lagarde. Sua opinião é dividida também pelo ministro britânico das Finanças, George Osborne, e pelo ministro japonês da Economia, Motohisa Furukawa.
Juntando-se a essas vozes, neste fim de semana, o premiê austríaco, Werner Faymann, também exigiu uma elevação da capacidade do MEEF para cerca de 750 bilhões de euros.
O governo alemão pretende somente em março, todavia, decidir sobre um possível aumento do mecanismo permanente de resgate. Devido à tensão nos mercados financeiros, Berlim não vê sentido em lidar agora com somas mais elevadas.
Atenção para opositores
Na prestigiada reunião de elite no balneário suíço, cerca de 2.600 políticos, líderes empresariais, cientistas e outros especialistas discutiram, além da crise do euro, os movimentos de protesto no mundo árabe e o aumento vertiginoso do preço dos alimentos. O iniciador do Fórum, Klaus Schwab, estabeleceu como lema do 42° Fórum Econômico Mundial a procura por um capitalismo mais justo. Como já esperado, resultados tangíveis não foram alcançados.
O Fórum também foi acompanhado por ações do movimento Occupy, cujos representantes não foram oficialmente convidados e não tiveram acesso ao centro de convenções. Dezenas de ativistas acamparam durante uma semana sob temperaturas abaixo de zero num camping composto por iglus.
O porta-voz do grupo, David Roth, disse estar satisfeito. O recado de que Davos acirra ainda mais as crises do mundo em vez de solucioná-las pôde ser transmitido, declarou Roth. "Câmeras de todo o mundo estavam lá. Não esperávamos tanta atenção", concluiu.
CA/dpa/rtr
Revisão: Soraia Vilela