Flávio Bolsonaro mais uma vez na mira da Justiça
6 de fevereiro de 2019O senador Flávio Bolsonaro (PSL) é alvo de uma investigação, que foi aberta em março de 2018 na Procuradoria Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, por falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro. O caso foi revelado nesta quarta-feira (06/02) pelo jornal O Globo.
A Procuradoria investiga transações imobiliárias feitas por Flávio. Essas "negociações relâmpago” teriam aumentado o patrimônio do senador. Os investigadores suspeitam que a compra de imóveis foi realizada para lavar dinheiro.
Flávio, filho do presidente, Jair Bolsonaro, teria ainda declarado à Justiça Eleitoral o valor de um imóvel bem abaixo do real. Antes de ser eleito senador, Flávio era deputado estadual no Rio de Janeiro.
Em novembro de 2018, a Procuradoria encaminhou o inquérito para a Polícia Federal. Após Flávio ser eleito senador e ganhar foro privilegiado, a apuração foi enviada para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve analisar se manda o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou mantém em primeira instância. Por ter sido iniciada antes de ele assumir o mandato no Senado, a investigação deve ser mantida onde está.
A investigação corre em sigilo. Em janeiro, a Folha de São Paulo revelou que Flávio realizou 19 operações envolvendo imóveis no Rio. O patrimônio de Flávio, eleito deputado estadual pela primeira vez em 2002, passou de 25,5 mil reais, em sua primeira declaração à Justiça Eleitoral, para 1,75 milhão em 2018.
Em nota, Flávio alegou que a denúncia não tem fundamento e acusou o PT de estar por trás por da investigação para "provocar desgaste político a seus adversários”.
Essa não é a primeira vez que a evolução do patrimônio Flávio é alvo de uma investigação. As transações imobiliárias do senador foram apuradas pelo Ministério Público do Rio depois de uma denúncia sobre enriquecimento ilícito. O caso foi arquivado em maio do ano passado.
Flávio está ainda envolvido numa investigação sobre operações bancárias suspeitas realizadas por seu ex-assessor na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) Fabrício Queiroz. O policial militar movimentou 1,2 milhão de reais entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, soma incompatível com seus ganhos.
O nome de Queiroz apareceu num relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no inquérito faz parte da Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, que prendeu deputados estaduais no início de novembro.
Existe a suspeita de que o policial militar fosse o responsável por recolher uma parte dos salários de outros assessores do gabinete de Flávio. A prática ilegal conhecida como "rachadinha" ou "pedágio" é típica de políticos de baixo clero em assembleias legislativas e câmaras municipais do país. O senador negou essa possibilidade. Queiroz foi exonerado do gabinete do ex-deputado em outubro de 2018.
Além de Queiroz, o Coaf também teria identificado movimentações suspeitas na conta do próprio Flávio. No total, foram 48 depósitos em espécie entre junho e julho de 2017 na conta do senador, realizados na agência bancária que fica dentro da Alerj e sempre no mesmo valor: dois mil reais. O total movimentado chegou a 96 mil reais. A forma como os depósitos foram feitos sugerem uma tentativa de ocultar as operações das autoridades fiscais.
Flávio alegou que os depósitos fracionados que totalizaram 96 mil reais são resultado da venda de um imóvel, que teve parte do pagamento feita em espécie.
Em meio ao escândalo das movimentações bancárias, uma nova suspeita recaiu sobre Flávio após o Ministério Público deflagrar uma operação que visava chefes de milícias que atuam em comunidades no Rio de Janeiro.
A operação revelou que o ex-deputado empregou em seu gabinete a mãe e a mulher de Adriano Magalhães Nóbrega, policial militar suspeito de comandar milícias. Flávio homenageou ainda Nóbrega duas vezes na Alerj e também prestou homenagem a outro policial detido na ação, que também seria líder de uma milícia.
CN/ots
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