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Nova era em Bayreuth

23 de julho de 2009

"Parsifal" em live-stream, "Crepúsculo dos deuses" no telão: tudo isso já se fez. Mais do que nunca, Bayreuth está disposta a experimentar. Especialista wagneriano fala dos planos da nova diretoria do festival.

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A casa de festivais que Wagner mandou construirFoto: AP

Deutsche Welle: A nova equipe de direção na "Colina Verde" de Bayreuth se propõe a lançar uma imagem mais moderna para o Festival Wagner. Que planos há nesse sentido?

Stephan Mösch: A necessidade de redefinir Bayreuth em nosso tempo continua existindo. As duas meia-irmãs [Katharina Wagner e Eva Wagner-Pasquier] que agora dirigem a casa de festivais ainda não tiveram oportunidade de apresentar uma concepção nesse sentido. Elas assinaram seus contratos há apenas algumas semanas e ainda está em aberto que direção pretendem tomar em termos de conteúdo.

Há uma espécie de linha mestra para os próximos anos, artistas específicos com os quais se deseja trabalhar?

Deutschland Russland Kirill Petrenko
Maestro Kirill PetrenkoFoto: picture-alliance/ ZB

Há uma perspectiva em relação aos regentes até 2015, e isso é realmente novo em Bayreuth. É uma linha muito promissora. É a vez da geração média e jovem de maestros darem o melhor de si no fosso de orquestra: Andris Nelsons, um jovem regente da Letônia; e Thomas Hengelbrock, que se ocupou muito com a prática de execução nos séculos 18 e 19. Kirill Petrenko, um dos mais talentosos maestros da geração jovem, regerá O anel do Nibelungo em 2013, ano de jubileu; antes dele, Christian Thielemann fará O navio fantasma e Tristão e Isolda – uma combinação muito feliz.

No que concerne os diretores de cena, o velho mestre Hans Neuenfels atuará pela primeira vez em 2010. Na realidade, já estava mais do que na hora, ele deveria ter encenado em Bayreuth 20 anos atrás. E também na direção de cena há o interesse pela geração jovem, mas muita coisa ainda está em aberto.

A ideia de uma ópera infantil e a abertura dos festivais para o grande público pela internet já foram muito bem sucedidas. Como estão sendo vistas as duas diretoras da casa, já existem primeiras avaliações?

Deutschland Oper Bayreuth Eva Wagner-Pasquier und Katharina Wagner
Eva Wagner-Pasquier (e) e Katharina WagnerFoto: AP

Katharina Wagner se destaca cada vez mais como diretora de cena. Ela acaba de montar Tannhäuser nas Ilhas Canárias, numa solução cênica incomum e muito aclamada da obra. Eva Wagner-Pasquier avançou como diretora de programação em Aix en Provence e na Opéra da Bastilha de Paris, onde apostou muito em vozes leves. Não são elencos necessariamente desejáveis para Bayreuth. Resta ver como os dois perfis poderão se frutificar mutuamente.

Eu gostaria que se repensasse fundamentalmente a relevância de Bayreuth. Estrear a cada ano uma nova montagem, com a pretensão de que seja Richard Wagner at his best: isso não basta para garantir o futuro do festival.

Que perfil o festival deveria adotar no futuro?

Desejaria que o meio musical em que Wagner viveu desempenhasse um papel maior. Que não apenas se reinterpretasse as obras cenicamente, mas que elas também fossem inseridas no contexto que o compositor vivenciou e confrontadas com outros hábitos auditivos.

Que inovações estão previstas para além do programa do festival?

As novas superintendentes tentam instalar uma academia em Bayreuth, mas até agora isso não passa de um plano. Seria uma academia dedicada ao cultivo das novas vozes, em que músicos de orquestra também lecionem e preparem os instrumentistas para essas tarefas. São planos até agora não realizáveis por razões financeiras.

Autor: Gudrun Stegen
Revisão: Rodrigo Rimon