Feira de Leipzig começa de cara nova
16 de março de 2005A Feira do Livro de Leipzig começa nesta quinta-feira (17) de cara nova. Com mais de 2100 expositores de 30 países, o evento cresceu. Neste ano, são esperados 100 mil visitantes, atraídos pelos cerca de 1,5 mil eventos com mais de mil escritores convidados.
"Nossa posição no cenário europeu se consolidou", disse o diretor da feira, Wolfgang Marzin. Segundo ele, em 1990 a feira no Estado alemão da Saxônia começou a voltar a ser o que fora antigamente e, desde então, a cidade vem recuperando seu significado não apenas como importante centro editorial, mas como pólo de leitura. Além do mais, a feira conseguiu sair do vermelho em 2003 e a tendência é continuar melhorando.
Novidades, não só literárias
Ponto alto da programação deste ano será a entrega do Prêmio da Feira do Livro de Leipzig, que, a partir deste ano, substitui o antigo Prêmio do Livro alemão. Ao todo, serão distribuídos prêmios no valor de 45 mil euros para os melhores lançamentos do ano da literatura alemã nas categorias ficção, não-ficção e tradução, sendo que cada editora pôde sugerir três títulos por categoria.
O júri, do qual fazem parte críticos de jornais renomados como o Frankfurter Allgemeine Zeitung e o Süddeutsche Zeitung, nomeou os cinco melhores de cada categoria entre as 586 obras inscritas. Adicionalmente, o Prêmio para o Entendimento Europeu será entregue neste ano à escritora e jornalista croata Slavenka Drakulic, o que condiz com o destaque dado pela organização à literatura do Leste Europeu, em especial à região dos Bálcãs.
Para grandes e pequenos
Há 14 anos marcando presença paralelamente à feira, o Leipzig liest (Leipzig lê) oferece leituras, discussões e workshops com escritores de todo o mundo. Entre os convidados deste ano estão Amós Oz, Jostein Gaarder, Christoph Hein, Jorge Semprún e Walter Kempowski.
No 200º aniversário de morte do escritor Friedrich Schiller, tampouco poderiam faltar eventos em homenagem ao poeta. Além de lançamentos de biografias e novas edições do clássico, haverá diversas apresentações teatrais de suas peças.
Outro destaque da programação é a literatura infanto-juvenil. Do total de 50 mil metros quadrados da feira, um quinto será dedicado a jovens e crianças, com uma área reservada especialmente aos mangás japoneses. "Somos um espelho do mercado e temos de reagir às novas tendências e novidades", argumenta Marzin.
Segundo o presidente da Associação do Comércio Livreiro Alemão, Dieter Schormann, o segmento é uma das grandes promessas do mercado, que vem lutando contra a estagnação. "Dos 100 mil visitantes esperados, um em cada cinco tem menos de 20 anos", conta.
Feira de Leipzig tem história
A Feira do Livro de Leipzig é um dos mais tradicionais eventos do gênero na Europa. Como importante centro comercial europeu, Leipzig se tornou já no final do século 15 um ponto de encontro de livreiros, tipógrafos e editores. Com 11 oficinas de impressão já em 1500, a cidade liderava a lista dos mais de 60 centros tipográficos alemães, fazendo séria concorrência à cidade de Frankfurt.
Mas o comércio livreiro local, que vivenciou um rápido crescimento após a Reforma, foi praticamente destruído durante a Guerra dos 30 anos (1618–1648), voltando a se recuperar só a partir da segunda metade do século 17, até que, em 1764, a cidade foi declarada capital do comércio livreiro.
Interrompida durante o período nazista, a feira tornou a acontecer em 1946. A partir de 1973, a feira deixou de acontecer duas vezes ao ano, passando a ser apenas anual. Nos anos da República Democrática Alemã (RDA), o número de expositores se restringia a uma média de mil. Em 1991, após a reunificação alemã, Leipzig voltou a sediar uma feira de caráter internacional.