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Falência de Kirch arrasta setor de mídia

Paulo Chagas9 de abril de 2002

A falência do grupo Kirche afeta diretamente uma série de produtoras de cinema e televisão, especialmente da região de Munique.

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Logotipo da tevê por assinatura Premiere, o pivô da falênciaFoto: AP

Uma das empresas mais diretamente afetadas é a EM.TV & Merchandising, produtora de programas infantis para os canais Sat.1 e Premiere do grupo Kirch. A participação da EM.TV na empresa SLEC, promotora de Fórmula 1, que Kirch usou como caução para a obtenção de crédito, foi penhorada pelos bancos.

A Constantin Film, empresa na qual Kirch tem participação de 21,1%, está também ameaçada. Com produções próprias, a empresa conseguiu firmar-se no mercado de cinema alemão e ter sucesso no mercado internacional, como por exemplo com a recente película Resident Evil.

A editora Axel Springer, que publica o jornal Bild, reivindica desde abril sua opção de 11,5% nos canais Pro Sieben e Sat.1, cujo valor - 767 milhões de euros - é contestado por Kirch. Com a falência, Springer não conseguirá rever este dinheiro, afirmam os analistas.

Turbulências sobre Munique, capital alemã da mídia

Com 5.400 empregados no setor de filme e televisão, Munique, capital do estado da Baviera, é o principal centro de mídia da Alemanha, à frente de Colônia, Berlim e Hamburgo. O volume de produção deste setor atinge aí 1,6 bilhão de euros. Mais de um terço dos programas da televisão alemã é realizado em Munique.

A maioria das empresas do grupo Kirch e os estúdios de televisão estão situados em Munique. Os reflexos da falência sobre o setor de mídia da capital bávara só poderão ser avaliados quando se souber que destino será dado às atividades do grupo, dizem os analistas.

Algumas tevês lucrativas, como os canais Pro Sieben, Sat.1 e Kabel 1 deverão continuar em funcionamento, enquanto outras, como o canal de notícias N24, o canal de esportes DSF e a tevê interativa Neun Live serão afetadas. Conta-se também com a falência de algumas produtoras independentes de menor porte, que fornecem programas para o grupo Kirch.

O diretor da deficitária tevê de assinatura Premiere já anunciou que irá despedir até um terço dos 2.500 funcionários. Diante disso, o poderoso sindicato de prestação de serviços Verdi já convocou uma mesa redonda para tentar assegurar os postos de trabalho do grupo Kirch. O sindicato exige participação nas negociações sobre o futuro do ex-império da mídia.