Reconhecimento facial
11 de junho de 2011A maior rede social do mundo, o Facebook, despertou mais uma vez preocupações para a privacidade dos seus usuários após uma ferramenta de reconhecimento facial ter sido habilitada esta semana em vários países.
A ferramenta usa tecnologia de reconhecimento facial e compara fotos novas com outras já armazenadas nos servidores do Facebook, sugerindo ao usuário os nomes de pessoas que aparecem nas fotos para facilitar a marcação (tagging).
Lançada nos Estados Unidos em dezembro, a ferramenta voltou a ser foco de atenção esta semana, após ser ativada em vários países, inclusive no Brasil. A principal reclamação é que a opção de reconhecimento fácil foi ativada automaticamente, sem que os usuários fossem comunicados.
"Mais uma vez, parece que o Facebook está corroendo em segredo a privacidade dos usuários", escreveu Graham Cluley, consultor da empresa de segurança Sophos, numa entrada de blog esta semana.
O Facebook defendeu a ferramenta, afirmando que os usuários podem desabilitá-la, apesar de essa tarefa requerer a navegação por diversos submenus. "Se, por algum motivo, alguém não quer que seu nome seja sugerido, poderá desabilitar a função nas suas configurações de privacidade", declarou um porta-voz do Facebook à agência de notícias AFP. "Deveríamos ter sido mais transparentes com as pessoas durante o processo de lançamento", admitiu o porta-voz.
UE vai investigar
Na Alemanha, defensores do direito à privacidade criticaram a nova ferramenta, bem como o processo de lançamento. A disponibilização de informações na internet é um tema sensível no país, em parte por causa das más lembranças deixadas pelos nazistas e pela polícia secreta da Alemanha Oriental.
"Não creio que a atitude do Facebook seja condizente com as leis europeias e alemãs de proteção de dados", afirmou Peter Schaar, encarregado de proteção de dados do governo alemão, à Deutsche Welle.
A União Europeia anunciou que iniciará uma investigação da nova ferramenta. Autoridades de proteção de dados e privacidade dos 27 países-membros vão avaliar se houve violação das regras europeias, afirmou o luxemburguês Gerard Lommel, membro do Grupo de Trabalho em Proteção de Dados do Artigo 29, que atua junto a as autoridades europeias e faz recomendações sobre questões de privacidade. O grupo já criticou o Facebook em outras oportunidades.
Também as autoridades do Reino Unido e da Irlanda disseram que estão investigando a função de reconhecimento facial em fotos.
Interesses comerciais
Enquanto o Facebook sustenta que a ferramenta facilita o trabalho de pessoas que colocam muitas fotos na rede e querem marcar todos os amigos que ali aparecem, críticos afirmam que há interesses comerciais envolvidos.
Segundo eles, os dados fornecidos pela ferramenta podem também ser utilizados por empresas para tornar mais precisa a propaganda direcionada, aquela que se baseia nos gostos e interesses do usuário e nos seus hábitos de navegação.
Outros afirmam que uma foto tirada em local público pode ser colocada no Facebook e, com o uso da ferramenta, desconhecidos poderiam ser facilmente identificados. No momento, porém, o reconhecimento facial é limitado aos amigos do usuário no Facebook.
Justin Mitchell, um engenheiro do Facebook, escreveu no blog da empresa que o site criou a ferramenta para atender aos usuários que querem marcar todos os amigos que aparecem nas fotos. Essa tarefa, diz ele, se torna fequentemente maçante, principalmente quando a mesma pessoa aparece em várias fotos.
Para desabilitar a função de reconhecimento facial, é necessário escolher o menu “Conta”. Depois, deve-se clicar em "Configurações de Privacidade" e depois em "Personalizar configurações". No bloco "Itens que outros compartilham" deve-se desativar a opção "Sugerir fotos minhas a amigos".
Autor: Kyle James (as)
Revisão: Carlos Albuquerque