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Fórum Social Mundial

6 de fevereiro de 2011

Protestos nos países árabes do norte da África deverão dominar debates durante a 11ª edição do Fórum Social Mundial, que começa neste domingo no Senegal.

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Os protestos que acontecem no Egito e os ocorridos na Tunísia em janeiro deverão ser o centro dos debates durante a 11ª edição do Fórum Social Mundial, que começa neste domingo (06/02) e prossegue até sexta-feira em Dacar, no Senegal.

Ägypten Proteste auf dem Tahrir Platz in Kairo
Protestos no Egito vão ser tema dos debates do Fórum em DakarFoto: picture-alliance/dpa

Para a francesa Nathalie Péré-Marzano, do Centro de Pesquisa e Informação para o Desenvolvimento (Crid), os atuais protestos contra os líderes árabes no norte da África são um sinal de que grandes camadas da população reivindicam mais participação na vida política de seus países.

Segundo ela, as revoltas são uma espécie de concretização política do debate que o Fórum Social Mundial vem propondo desde 2001, quando foi iniciado. Também por isso é especialmente importante que o Fórum aconteça este ano na África, diz Péré-Marzano.

É preciso discutir uma nova fase da descolonização, diz ela, lembrando que vários países africanos comemoraram 50 anos de independência no ano passado. "Mas é necessário avançar na questão de como as populações de alguns países africanos podem reconquistar a própria liberdade, reivindicando a construção de novos Estados, democráticos. Ao mesmo tempo, esses países precisam se livrar de novas formas de colonialismo, especialmente quando se fala de interesses econômicos".

Segundo Péré-Marzano, esses interesses econômicos não têm origem exclusivamente nos países europeus ou nos Estados Unidos. Também as economias emergentes, como o Brasil e a China, vêm, cada vez mais, tentando explorar os recursos naturais africanos. O encontro em Dacar será importante para questionar as chamadas parcerias sul-sul, para verificar se os modelos propostos por países como o Brasil e a China são mesmo bons para o continente africano, avalia.

Também o senegalês Taoufik Ben Abdallah, integrante dos Conselhos Africano e Internacional e também do Comitê Organizador do Fórum Social Mundial, avalia que a situação no Egito e na Tunísia deve ser amplamente discutida durante esta edição do Fórum Social Mundial, a segunda que acontece na África.

Os protestos têm grande repercussão, disse Abdallah no site do Fórum, porque há muitos países que passam por problemas parecidos com os do norte da África.

Monument der Wiedergeburt im Senegal
Ao fundo, Monumento ao Renascimento Africano, símbolo de DakarFoto: AP

Realidade cultural e política

Críticos apontam que o Fórum Social Mundial tem um grande número de debates e painéis e é desorganizado, além de não levar a ações concretas.

Para o brasileiro Francisco Whitaker, um dos fundadores do Fórum Social Mundial, o encontro trouxe várias mudanças. Assuntos como direitos humanos ou as mudanças climáticas, por exemplo, que antes eram discutidos de forma restrita, atualmente têm lugar em reuniões internacionais como a do G8.

Em relação à África, Whitaker acha que esta edição do Fórum Social Mundial dará espaço para os povos africanos participarem do debate:

"Para os africanos, este Fórum é um encontro que permite a eles descobrir muito mais profundamente a divisão artificial feita nos tempos de Bismarck. Então, esse segundo Fórum na África vai dar um salto muito grande, porque eles vão se descobrir como povos. Mais do que falar das migrações, vai se falar da diáspora, de gente africana espalhada pelo mundo que vai se unir muito mais e que pode descobrir uma realidade cultural e política muito mais forte."

Os organizadores esperam menos participantes que os cerca de 150 mil contados durante o Fórum Social Mundial de Belém, no Brasil, em 2009, por exemplo. Porém, tradicionalmente, cerca de 80% dos participantes do Fórum vêm do país anfitrião, dizem os organizadores, e haverá organizações e pessoas de 123 países em Dacar a partir deste domingo.

Autora: Renate Krieger
Revisão: Alexandre Schossler