Karadzic
26 de julho de 2008Quanto mais próximo chega o momento da planejada extradição do ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic, mais aumentam os conflitos nas ruas de Belgrado. Centenas de manifestantes mantêm-se à porta da sede do governo na capital sérvia, gritando palavras de ordem contra o presidente Boris Tadic. A polícia foi obrigada a usar de violência para diluir o protesto e evitar que os manifestantes invadissem a sede do governo.
Os opositores de Tadic acusam o presidente de "traição" ao povo sérvio. "Queremos lembrar a Tadic que, na Sérvia, traição nunca é perdoada", declarou uma deputada do Partido Radical à imprensa local. Há cinco anos, o ex-chefe de governo Zoran Djindijc foi assassinado a tiros em frente à sede do governo.
Divisão do país
Cientistas políticos do país condenam com veemência as ameaças de violência. Metade da população sérvia, segundo enquete, rejeita a extradição de Karadzic para Haia, embora isso não signifique que todas essas pessoas sejam simpatizantes do criminoso de guerra. Muitos sérvios argumentam que o Tribunal Penal das Nações Unidas em Haia defende posturas "anti-sérvias".
A extradição iminente de Karadzic explicita a séria ruptura da sociedade sérvia, dividida entre nacionalistas de um lado e reformistas pró-ocidentais, que apóiam o presidente Tadic, de outro.
Segundo Wolfgang Schomburg, juiz do Tribunal da ONU em Haia, o processo a ser conduzido contra Karadzic não deve demorar mais de um ano, em primeira instância. Ao contrário de outros casos julgados pelo Tribunal das Nações Unidas na cidade holandesa, no caso Karadiz já há provas de que houve genocídio e crimes contra a humanidade.
Meses em Viena
"É importante que uma pessoa que foi por tantos anos procurada pela comunidade internacional e à qual pesam tantas acusações graves, seja presa e julgada a fim de que se verifique a responsabilidade pelos atos dos quais ele é acusado", observa Schomburg.
Segundo informações divulgadas pela imprensa, Karadzic não apenas levava durante todos esses anos uma vida tranqüila num subúrbio de Belgrado, como também passou vários meses em Viena. Na capital austríaca, sob identidade falsa e passando-se por representante da "medicina alternativa", o criminoso de guerra vendia pomadas e xaropes supostamente eficazes contra infertilidade e problemas de ereção.