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Exposição e documentário mostram os dois lados do trabalho de Anton Corbijn

29 de abril de 2012

Fotógrafo e diretor holandês ficou famoso com as imagens que criou para bandas como R.E.M., U2 e Joy Division. Em Berlim, exposição acompanha a estreia de documentário que expõe a intimidade do recluso artista.

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Foto: picture-alliance/dpa

O nome Anton Corbijn pode soar estranho e ser desconhecido para a maioria das pessoas. Porém, nos últimos 30 anos, quem leu uma revista de música ou passou mais de cinco minutos na frente de um canal de videoclipes certamente entrou em contato com o trabalho do fotógrafo e diretor holandês.

Nascido numa pequena vila em 1955, Corbijn começou sua carreira nos anos 1970, fotografando e seguindo músicos com sua câmera. Da fotografia, seu trabalho evoluiu para cenários de shows e a direção de arte e de videoclipes.

Sua estética cheia de contrastes e dramaticidade deu vida a vídeos que acompanham músicas de Nick Cave, Coldplay, Metallica, Johnny Cash e Nirvana. As imagens criadas pelo holandês ajudaram a definir a maneira como os fãs veem bandas como R.E.M., U2, Joy Division e Depeche Mode, com as quais trabalhou intensamente.

Depois de fazer parte do júri do Festival de Berlim de 2012, Corbijn ganha uma extensa retrospectiva na cidade, que acompanha a estreia de Anton Corbijn - Inside Out, documentário que chega aos cinemas alemães depois de estrear no festival.

Ausstellung Inwards and Onwards bei CAMERA WORK Berlin 2012
Músico Anthony Kiedis pelas lentes de Anton CorbijnFoto: ANTON CORBIJN, ANTHONY KIEDIS, WEST PALM BEACH, 2003

Atrás das câmeras

Em cartaz em Berlim, a exposição Inwards and Onward apresenta uma extensa seleção do trabalho de Corbijn, com retratos de eminentes figuras do mundo das artes, da música e da moda.

Em grandes impressões, as fotos mostram a essência do trabalho artístico que o fotógrafo criou ao longo de sua carreira.

As grandes lendas da música que sempre fascinaram o fotógrafo, como Patti Smith, Bruce Springsteen e Tom Waits, estão representadas na exposição, que também se volta para o trabalho mais recente, focada em personificações modernas de inspirações artísticas, com retratos de Jeff Koons, Gilbert & George e Marlene Dumas.

Feitas com uma câmera Hasselblad, as fotos são em preto e branco, uma característica do trabalho de Corbijn. Seu estilo busca o magnífico no essencial, utilizando somente luz natural e locações nunca modificadas, mas que têm um ar surreal. Assim ele captura a personalidade por trás do rosto de famosos.

Ausstellung Inwards and Onwards bei CAMERA WORK Berlin 2012
Retrato inusitado do pintor alemão Gerhard RichterFoto: ANTON CORBIJN, GERHARD RICHTER, COLOGNE, 2010

Apesar de severa, sua foto também deixa lugar para ironias, como no anticonvencional retrato de Gerhard Richter. O fotógrafo mostra o artista de costas, destacando a exclusão do pintor e ao mesmo tempo expondo seu trabalho criativo.

Da mesma maneira Corbijn despersonifica Kate Moss. Usando uma máscara, a modelo se mostra mais humana e vulnerável do que o rosto que aparece nas revistas.

Em frente às câmeras

Criar imagens inspiradas pela música é a essência do trabalho de Corbijn. Consequentemente ele evoluiu da foto para o videoclipe, uma arte que dominou com maestria. O passo seguinte foi a direção cinematográfica. Em 2007, filmou a biografia de Ian Curtis, vocalista do Joy Division, no filme Control. Fora do mundo da música, dirigiu George Clooney no suspense O Americano.

Ausstellung Inwards and Onwards bei CAMERA WORK Berlin 2012
Kate Moss pelo olhar do fotógrafo holandêsFoto: ANTON CORBIJN, KATE MOSS, NEW YORK, 1996

Mas a relação tão íntima com a câmera só funciona quando Corbijn está por trás dela. Ele é conhecido por não falar com a imprensa e ser uma pessoa reclusa. Por isso o documentário Anton Corbijn - Inside Out, dirigido pela holandesa Klaartje Quirijns, é complementar às fotos expostas em Berlim.

A diretora conseguiu acesso à vida privada do recluso artista e mostra a complicada e distante relação dele com o pai, um pastor, e com a mãe, que só aprendeu a ser afetuosa depois da velhice. No entanto, ambos nunca se opuseram à decisão do jovem artista de deixar a escola e se dedicar somente à fotografia.

Durante as filmagens, o protagonista não aguentou o confronto com o passado e se afastou do projeto por um período. O processo também serviu para Corbijn descobrir um outro lado da fotografia, onde a câmera não serve apenas para se aproximar dos personagens retratados, mas também pode revelar um lugar isolado e distante dentro dele mesmo.

A exposição Anton Corbijn - Inwards and Onward está em cartaz no Camera Work em Berlim até o dia 2 de junho.

Autor: Marco Sanchez
Revisão: Alexandre Schossler