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'Fala-se alemão'

Cornelia Rabitz (rr)12 de dezembro de 2008

Mostra expõe a variedade do alemão e seu desenvolvimento desde os cantos medievais até a linguagem das mensagens de texto. Depois de Bonn, Instituto Goethe levará a exposição pelo mundo durante oito anos.

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Exposição mostra língua alemã como organismo vivoFoto: bilderbox

O momento não poderia ter sido mais adequado, por mais que tenha sido mera coincidência. Ao mesmo tempo em que se discute se o alemão deveria ou não ser mencionado na Lei Fundamental alemã como idioma oficial, foi inaugurada na Casa da História de Bonn uma exposição intitulada Man spricht deutsch (fala-se alemão).

Os organizadores, no entanto, não querem que a mostra seja vista simplesmente como um discurso a favor da proposta. Seu objetivo é antes mostrar a riqueza, a variedade e a história da língua alemã, dos cantos medievais à linguagem das mensagens de texto.

Robô-escritor rouba a cena

Symbolbild deutsche Sprache im Grundgesetz
Alemão na Lei Fundamental?Foto: picture-alliance / dpa / DW

O objeto mais antigo da exposição é a ponta de uma lança do século 7, sobre a qual pode-se reconhecer antigas runas germânicas. O menor deles é um jogo do século 18 e o mais recente é um coração de Lebkuchen, um biscoito de mel natalino típicamente alemão, decorado com frases engraçadas por uma confeitaria de Bonn.

"Mas, com certeza, um dos objetos mais interessantes é um robô industrial, normalmente usado para construir automóveis, que foi transformado por um grupo de artistas em um criativo robô-escritor", conta Jürgen Reiche, diretor da instituição e iniciador da mostra. "Equipado com um software, centenas de vocábulos e uma gramática, ele é capaz de criar seu próprios manifestos."

Colunas sonoras

Ao todo, trata-se de uma pequena, porém variada, divertida e, ao mesmo tempo, instrutiva mostra sobre o desenvolvimento do idioma, suas variações, seus sons, seus problemas e também sua beleza. Mas o visitante não permanece passivo: há uma máquina para imprimir poemas, colunas com arquivos de áudio para escutar versos e histórias, e pode-se ainda redigir textos próprios e trocar livros.

"O primeiro poema que li em alemão era de Erich Fried e de repente comecei a achar a língua alemã tão bonita", ouve-se uma visitante chinesa contar numa seção dedicada ao tema da migração. "Sinceramente, não sei se, na forma de pensar, me tornei um pouco alemão", ouve-se um visitante africano questionar.

BdT Indien Deutschland Goethe-Institut in Kalkutta wirbt für deutsche Sprache
Instituto Goethe promove o alemão em bonde na ÍndiaFoto: picture-alliance/ dpa

Língua é organismo vivo

Já a linguagem da política e da propaganda são abordadas em arquivos de vídeo e há até uma seção dedicada às variações língüísticas da ex-Alemanha Oriental. Para Reiche, a variedade da mostra é um de seus fortes, pois a língua, diz ele, é um organismo vivo.

Nesse sentido, Reiche critica os céticos e puristas da língua. "Em todo o mundo, 120 milhões de pessoas falam alemão. Se você comparar o [dicionário] Duden de 1850 com o de hoje, verá que o antigo tem 8,5 mil palavras, enquanto o atual tem cerca de 150 mil", argumenta. "Tampouco acho que a língua seja maculada por influências estrangeiras. Pois estas não só sempre existiram como também vêm e vão."

Otimista, Reiche defende o alemão até mesmo da opinião de certos especialistas que acreditam que a língua tenha uma "autoridade limitada" devido à sua reduzida presença internacional. "Creio que a mostra também é uma espécie de propaganda do alemão. Pois será exibida pelo Instituto Goethe em diversos cantos do mundo durante oito anos – de Tóquio a Seul, Paris e Moscou", conta.

"Além disso, acho que eventos internacionais, como a Copa do Mundo, e também bandas, como o Tokio Hotel, contribuem para que quem não vive na Alemanha comece a achar a língua sexy e decida aprendê-la." Para Reich, no entanto, a inclusão do alemão na Lei Fundamental é desnecessária.