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Expectativa de vida nos EUA cai um ano em meio à pandemia

18 de fevereiro de 2021

Queda no primeiro semestre de 2020 foi a maior registrada nos Estados Unidos desde a Segunda Guerra. Entre a população negra, expectativa de vida despenca 2,7 anos.

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Bebê usando uma proteção de acrílico contra o coronavírus é carregado por um homem nas ruas dos Estados Unidos
Segundo dados de janeiro a junho de 2020, americanos viverão, em média, 77,8 anosFoto: Lucy Nicholson/REUTERS

A expectativa de vida nos Estados Unidos caiu um ano no primeiro semestre de 2020 e ficou no nível mais baixo desde 2006, de acordo com estimativas divulgadas nesta quinta-feira (18/02) pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência governamental americana.

Embora as estimativas sejam parciais e não reflitam todos os efeitos da pandemia de covid-19, o CDC afirmou que decidiu pela primeira vez publicar dados provisórios para avaliar o efeito do excesso de mortes registrado em 2020. O termo excesso de mortes corresponde à diferença entre o número de mortes esperadas e o número real contabilizado.

"O declínio na expectativa de vida no primeiro semestre de 2020 é uma aberração em relação às mudanças na expectativa de vida de ano a ano durante as últimas duas décadas", disse Elizabeth Arias, uma das autoras do relatório.

Segundo ela, a queda de um ano foi a maior desde a Segunda Guerra Mundial, quando a expectativa de vida despencou 2,9 anos entre 1942 e 1943, em meio à alta mortalidade gerada pelo conflito.

A expectativa de vida estima o número médio de anos que um bebê viverá com base nas taxas de mortalidade do período especificado, nesse caso, entre janeiro e junho de 2020. O relatório apontou que os americanos viverão, em média, 77,8 anos – em 2019 essa taxa era de 78,8 anos.

Negros vivem menos

Mas os números mudam quando analisados grupos específicos da população. Segundo o CDC, as disparidades raciais e étnicas nas taxas de mortalidade pioraram no primeiro semestre de 2020.

A expectativa de vida da população negra caiu 2,7 anos, chegando a 72 anos, o maior declínio registrado em qualquer grupo. E a população hispânica, que tinha uma expectativa de vida de quase 82 anos, sofreu um declínio de 1,9 ano.

Na população branca, a expectativa caiu menos de um ano, para 78 anos. A vantagem na expectativa de vida dos brancos em comparação com a dos negros aumentou 46%, de 4,1 anos para seis anos – revertendo uma tendência de queda na lacuna entre os dois grupos observada desde 1993.

Já a diferença na expectativa de vida entre a população hispânica e a branca diminuiu 37%, de três anos para 1,9 ano, de acordo com a pesquisa.

O relatório preliminar não trouxe análises sobre a expectativa de vida da parcela populacional asiática e dos nativos americanos.   

"Acredito que o impacto na expectativa de vida vai persistir ou, mais provavelmente, se tornar ainda mais pronunciado à medida que os dados do segundo semestre de 2020 forem computados", disse Marc Gourevitch, presidente do departamento de saúde populacional do centro médico NYU Langone Health, em Nova York.

Gourevitch, que não esteve envolvido na pesquisa, afirmou que o intenso impacto da pandemia na economia deverá retardar o retorno da expectativa de vida aos níveis pré-pandêmicos.

pv/ek (Reuters, ots)