Exigência por presença futura de Cuba gera discórdia na Cúpula das Américas
15 de abril de 2012Assuntos econômicos e a discussão sobre a admissão de Cuba nas próximas reuniões dominam a pauta da 6ª Cúpula das Américas, realizada em Cartagena das Índias, Colômbia, nestes sábado e domingo (14 e 15/04). Apesar da pressão por parte de diversos dos 31 líderes presentes, um acordo sobre a participação cubana parece improvável.
Cuba nunca esteve presente numa Cúpula das Américas – encontro regularmente promovido pela Organização dos Estados Americanos (OEA), sediada em Washington. Os Estados Unidos, apoiados pelo Canadá, mantêm-se firme contra a demanda generalizada de especificar na declaração final da reunião que Cuba participará das próximas cúpulas do continente.
Ainda no início da conferência, neste sábado, o presidente dos EUA, Barack Obama, destacou a importância da América Latina como parceira comercial dos Estados Unidos. O político elogiou o trabalho efetivo dos governos colombiano e brasileiro, que levaram ao crescimento econômico de ambos os países.
Pressão aumenta
A questão cubana fez com que o presidente do Equador, Rafael Correa, boicotasse a reunião deste fim de semana. Hugo Chávez, presidente venezuelano, também esteve ausente.
Até mesmo os líderes do Brasil, Dilma Rousseff, e da Colômbia, Juan Manuel Santos, – considerados políticos moderados – disseram que não deveria mais haver Cúpulas das Américas sem a presença da ilha comunista.
O assessor especial da presidência brasileira para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, declarou que as diferenças de opinião sobre a participação cubana poderiam significar que o encontro terminará sem uma declaração final.
Para Santos – anfitrião desta cúpula e o mais próximo aliado de Washington na América Latina –, seria "inaceitável" manter Cuba de fora da próxima reunião. "O isolamento, a indiferença mostrou sua ineficácia. No mundo de hoje, não há justificativa para esse anacronismo", criticou o líder colombiano.
Os ministros do Exterior da Venezuela, da Argentina e do Uruguai também afirmaram que seus presidentes assinariam uma declaração somente se os EUA e o Canadá removessem seu veto sobre a inclusão da ilha caribenha.
"Todos os países da América Latina e do Caribe querem que Cuba esteja presente. Mas os Estados Unidos não aceitam isso", disse o presidente boliviano, Evo Morales. "É uma espécie de ditadura."
A administração Obama facilitou viagens familiares e remessas de dinheiro para Cuba, mas não derrubou o embargo econômico, comercial e financeiro imposto à ilha em 1962. A influência dos Estados Unidos no continente tem diminuído, ao passo que a China superou os EUA na posição de principal parceiro comercial de vários países.
LPF/dapd/ape/afp
Revisão: Alexandre Schossler