Ex-ministro alemão acusado de plágio ataca universidade
29 de novembro de 2011Nove meses depois de ter perdido seu título de doutor após longos trechos plagiados terem sido achados em sua tese de doutorado, o ex-ministro alemão da Defesa Karl-Theodor zu Guttenberg lança nesta terça-feira (29/11) um livro com duros ataques à Universidade de Bayreuth. A obra é tida por alguns críticos como parte de uma estratégia de marketing para preparar seu retorno à política alemã.
Guttenberg, de 39 anos, foi a estrela máxima dos conservadores alemães, chegando a estar durante vários meses no topo da lista dos políticos mais populares do país, até sua renúncia em março passado, após a revelação de que grande parte de sua tese de doutorado havia sido plagiada.
Por consequência, a Universidade de Bayreuth declarou seu doutorado como inválido. No meio do ano, o político se mudou com a família para os Estados Unidos, onde assumiu um cargo honorário no "think tank" de estudos estratégicos internacionais CSIS.
Ataques à universidade
A universidade, segundo o político, se portou de forma que "infelizmente não foi independente" ao retirar-lhe o título de doutor. Guttenberg afirma que a entidade o condenou de "modo leviano", antes por medo de perder os fundos de pesquisa. As acusações fazem parte de seu livro-entrevista Voerst gescheitert ("por enquanto, fracassado", em tradução livre).
O político novamente afirmou, em seu livro, que não empregou um "ghost writer" em sua dissertação e que não copiou os trechos propositalmente. "Se eu tivesse mesmo tido a intenção de enganar, jamais teria me portado de forma tão desajeitada e estúpida, como é o caso em algumas partes deste trabalho [de doutorado]". Ao mesmo tempo, ele classificou sua tese, comprovadamente copiada em amplos trechos, como "a maior burrice da minha vida". Guttenberg não descarta um retorno à política alemã.
Wolfgang Heubisch, secretário da Ciência do estado da Baviera (onde se localiza Bayreuth), classificou os ataques como "inaceitáveis". Ele garantiu que foram respeitados todos os padrões de análise de trabalhos científicos e que a universidade atuou no caso com imparcialidade e independência.
Ele não se considera um fraudador
O ex-ministro admite que o caso manchou a imagem da Universidade de Bayreuth, mas alega que a instituição de ensino superior foi partidária, em vez de examinar o caso imparcialmente. Ele também acusa o estabelecimento de "quebrar regras de proteção dos direitos pessoais" e afirma que não é um "fraudador".
Após o Ministério Público ter identificado no trabalho de Guttenberg 23 passagens copiadas de outras obras sem identificação das fontes, configurando violação contra o direito autoral, o ex-ministro concordou em pagar 20 mil euros a instituições beneficentes, em troca do arquivamento do processo contra ele.
A deputada Gerda Hasselfeldt, uma das líderes da CSU, partido de Guttenberg, classificou o livro do ex-ministro como uma "estratégia de marketing cuidadosamente planejada".
MD/rtr/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque