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Desafio verde

18 de dezembro de 2010

Bottrop, no noroeste alemão, ainda tem uma mina de carvão em funcionamento. Desafio será usar a estrutura existente para produção limpa e eficiente de energia. Cidade tem até 2020 para se transformar.

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Fábrica de coqueFoto: AP

Em dez anos, a cidade alemã de Bottrop será a mais verde da região do Vale do Ruhr, no estado da Renânia do Norte-Vestfália. A comunidade de médio porte foi escolhida, dentre 15 outras, para assumir o compromisso de se transformar em exemplo de eficiência energética da próxima década. Porém as demais 15 candidatas devem, certamente, se beneficiar com os impulsos do projeto Innovationscity – cidade da inovação.

Até 2020, Bottrop quer diminuir em 70% a quantidade de CO2 que emite na atmosfera. Uma zona-chave no sudeste da cidade, com aproximadamente 63 mil moradores e 22 mil postos de trabalho, vai passar por um processo de modernização cuja meta é diminuir em 50% a demanda de calefação, e o consumo de energia em 70%.

Para que a meta ambiciosa seja alcançada, serão implementados projetos-modelo na área de energia eólica, solar e de biomassa. Mas pretende-se também explorar o pouco conhecido potencial da indústria do passado, e, com ele, toda a infraestrutura em torno do carvão mineral.

Potencial do hidrogênio

Às margens da futura "cidade da inovação", a coqueria Proper lança densas nuvens de vapor no ar. A unidade usa o carvão como matéria-prima, gerando hidrogênio como subproduto.

O gás é uma fonte de energia promissora, como combustível para carros ou pequenas usinas elétricas. Pois a queima de hidrogênio só geram vapor d'água, não há fuligem nem dióxido de carbono.

Já há algum tempo, uma usina de células combustíveis a hidrogênio nas proximidades da fábrica fornece calor e eletricidade para o centro escolar Welheimer Mark. E este é apenas um dos exemplos em Bottrop, a cidade designada a ser modelo de eficiência energética.

Usando o que já existe

Flash-Galerie Polen im Ruhrgebiet
Passado minerador marca perfil da região no noroeste alemãoFoto: DW

Markus Palm, diretor da sociedade Innovationscity Ruhr Management, descreve o desafio: "A oportunidade é justamente esta: nós podemos usar de forma melhor o que já existe na cidade. Com baixa alocação de recursos, e portanto mais economicamente e, em muitos pontos, com funcionamento mais rápido".

A produção de hidrogênio de uma maneira mais "verde", ou ecologicamente correta, também ocorre na estação de tratamento de águas, a partir do biogás proveniente do esgoto da região.

Em breve, os ônibus das empresas de tráfego regionais poderão abastecer o tanque na estação de tratamento. Atualmente, dois mini-ônibus movidos a células combustíveis fazem o percurso entre Bottrop, Gladbeck e Herten. Em pouco tempo outros dois veículos de grande porte também serão incluídos no projeto.

Futuro sem carvão

Bottrop é um dos últimos locais da região do Ruhr que ainda possui uma mina de carvão ativa. Mas seus dias estão contados: em 2014, ou no máximo em 2018, todos os subsídios para o setor serão suspensos. A RAG, operadora da mina, já começou a se ocupar com esse momento.

Uma de suas propostas é criar algas nas águas das minas, mornas e ricas em minérios. As algas se alimentariam de CO2, sendo então transformadas em biocarvão ou biodiesel. Outra possibilidade é extrair o calor subterrâneo por meio de bombas geotérmicas.

Christina Kleinheins, encarregada planejamento urbano, diz que a participação da cidade no projeto Innovationscity despertou muitos potenciais. "Algumas empresas em Bottrop têm projetos muito interessantes – que talvez já estivessem na gaveta, não sabemos – e que agora estão vindo a público."

Calor reciclado

Mas não é preciso inventar tudo. O projeto de cidade inovadora irá se concentrar, principalmente, em estratégias já conhecidas para isolamento de prédios, redes inteligentes e fontes renováveis de energia, e mobilidade de baixo impacto ambiental.

Markus Palm explica: "O que queremos também são coisas criativas e inovadoras. Como quando existe numa cidade algo que produz calor, por exemplo, uma grande padaria, uma grande fábrica, ou algo assim. Todos os dias esse calor é produzido ali e dissipado. A ideia é dizer: tem alguém que possa fazer algo com ele? É possível aquecer uma piscina, ou um conjunto habitacional? Então, nós iremos discutir como levar esse calor, que já existe mesmo, aonde ele seja necessário".

Ruhr Museum
Museu do RuhrFoto: Manfred Vollmer

Calor sobre rodas

Se preciso, o transporte pode até ser sobre rodas. LaTherm, uma empresa nova de Dortmund, transporta até uma escola primária próxima o calor liberado pela fábrica de coque, em contêineres bem isolados e armazenado num tipo de sal – semelhante aos aquecedores para mãos, só que em escala muito maior. No inverno, a descarga desse calor na sala de caldeira da escola chega a durar um dia.

Christina Kleinheins faz uma ressalva: "A coisa só funcionará de verdade quando houver mais locais que usem o serviço, caso contrário, o investimento não vale a pena. Mas é claro que existem mais escolas em Bottrop, e vamos encontrá-las".

Ao contrário do que ocorria no passado, em Bottrop o calor e a energia não mais serão produzidos a partir do carvão, mas sim de tecnologias inovadoras, que integram eficiência energética e fontes alternativas.

Autora: Matilda Jordanova-Duda (np)
Revisão: Augusto Valente