Ex-deputada nacionalista é assassinada na Ucrânia
20 de julho de 2024A professora universitária Iryna Farion, ex-deputada nacionalista ucraniana, foi morta a tiros em Lviv, anunciou o ministro do Interior, Ihor Klymenko, na madrugada deste sábado (20/07).
Segundo a mídia local, Farion, de 60 anos, foi baleada na cabeça do lado de fora de sua casa na noite de sexta-feira por um atirador desconhecido. Mais tarde, ela morreu em decorrência dos ferimentos em um hospital local. O atirador conseguiu fugir.
O ministro Klymenko disse que as autoridades estavam examinando várias teorias para explicar o assassinato.
"As principais teorias atualmente em consideração são a animosidade pessoal e as atividades sociais e políticas da Sra. Farion. Não descartamos a possibilidade de que tenha sido um assassinato encomendado", escreveu Klymenko no serviço de mensagens Telegram.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, condenou o assassinato e ordenou que Klymenko e o chefe do Serviço de Segurança, Vasyl Maliuk, solucionassem o crime. Ele disse que todas as linhas de investigação estavam sendo consideradas, "inclusive uma que levava à Rússia”, país com o qual a Ucrânia está em guerra.
O partido nacionalista Svoboda, do qual Farion era membro, culpou Moscou pela morte em um comunicado, sem fornecer provas.
Margarita Simonyan, editora-chefe da emissora estatal russa RT, celebrou a morte da ex-deputada, mas não afirmou que Moscou fosse responsável por ela. "Iryna Farion, que sonhava com a 'eliminação completa' da população de língua russa, foi eliminada", escreveu Simonyan em um post no Telegram.
Com formação como linguista, Farion foi deputada entre 2012 e 2014 pelo partido de ultradireita Svoboda no parlamento da Ucrânia. No período, ela ficou conhecida por suas declarações em defesa do idioma ucraniano e por criticar severamente o uso do russo na sociedade ucraniana, inclusive por autoridades e soldados, muitas vezes insultando os falantes de russo.
Em 2023, Farion disse que os verdadeiros patriotas da Ucrânia não deveriam falar russo em nenhum ambiente, inclusive nas linhas de frente, pois esse é o idioma do país agressor. Ela descreveu o russo como "o idioma do inimigo, que mata, discrimina, insulta e estupra".
O ucraniano é o único idioma oficial do país, mas parte da população, especialmente no sul e no leste da Ucrânia, fala russo como idioma principal.
A própria Farion era da cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, que é predominantemente de língua ucraniana.
Após protestos de estudantes, ela chegou a perder temporariamente seu cargo de professora de língua ucraniana na Universidade de Lviv, mas foi reintegrada após uma decisão judicial.
Ela também havia criticado o fato de os membros do regimento Azov da Ucrânia continuarem a falar sua língua materna, o russo. A milícia ultranacionalista Azov foi integrada ao Exército ucraniano em 2014 e foi uma força importante na defesa da cidade de Mariupol, na região de Donetsk, no leste do país. A cidade foi capturada pelas tropas russas em maio de 2022, após um cerco que durou quase três meses.
jps/as (DW, ots)