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Desvalorização artificial

5 de outubro de 2010

Debate em torno da valorização do yuan dominou a oitava cúpula entre a União Europeia e a Ásia, que ocorreu em Bruxelas. Durante encontro, Alemanha e França exigiram mecanismos para frear especulação com matérias-primas.

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Asem reuniu mais de 30 chefes de Estado e de governoFoto: AP

Enquanto ainda procura formar um governo para seu país, mesmo depois de meses das eleições parlamentares, o rei belga Alberto 2° recebeu representantes governamentais de 27 países europeus e 19 asiáticos na 8° Asem (Cúpula Europa-Ásia).

Na declaração final do encontro de dois dias que terminou nesta terça-feira (05/10) em Bruxelas, os 46 países participantes se comprometeram com novos esforços para o crescimento sustentável, para redução de dívidas e para progressos na regulação do mercado financeiro.

À margem do encontro, todavia, outros temas também foram tratados: a valorização da moeda chinesa (yuan), a procura de mecanismos para conter os negócios especulativos com matérias-primas e as negociações para um acordo de livre comércio entre o Japão e a União Europeia (UE).

Rússia, Nova Zelândia e Austrália participaram pela primeira vez do encontro em Bruxelas. A Asem é considerada a etapa mais importante para a cúpula do G20, a ser realizada em novembro, em Seul, capital da Coreia do Sul.

NO FLASH Asem Treffen Brüssel
Europeus usaram tom inusitado com chineses na cúpulaFoto: AP

Desvalorização do yuan

Nesta terça-feira, a briga em torno do fraco yuan quase ofuscou o encontro em Bruxelas. Há anos que a China é acusada de baratear suas exportações através da desvalorização artificial de sua moeda. Com um tom inusitado, os europeus exigiram a valorização da moeda chinesa. A União Europeia, todavia, não vai tão longe quanto os Estados Unidos.

Com grande maioria, a Câmara dos Representantes norte-americana aprovou, na semana passada, um projeto de lei que prevê multas alfandegárias sobre produtos chineses. Para valer, a lei ainda precisa passar pelo Senado e pelo presidente Obama.

O anúncio de Pequim de junho último, prometendo abolir o regime cambial fixo em relação ao dólar, ainda não surtiu o efeito desejado, lamentou o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, após encontro com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao.

O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, é da mesma opinião: "O desenvolvimento do câmbio real não é realmente aquilo que estávamos esperando". No entanto, a decisão de junho por uma maior flexibilidade foi reiterada no encontro pela China.

Especulação com matérias-primas

Asem Gipfel Brüssel 2010
Merkel e Sarkozy (d): regulação do comércio de matérias-primasFoto: AP

No final da cúpula de dois dias, a chefe de governo alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, exigiram mecanismos para frear a especulação com matérias-primas. "Nós temos preços de matérias-primas muito voláteis", disse Merkel. "Por isso, dou total apoio para que tratemos do tema."

No ano que vem, Sarkozy assumirá a presidência do G20, grupo que reúne as mais importantes economias industrializadas e emergentes. Ele disse que, durante a presidência francesa do grupo, vai se engajar por um maior controle do comércio de matérias-primas.

Políticos culpam especuladores pelo forte aumento dos preços da energia e dos alimentos em 2008. Neste ano, principalmente o aumento do preço dos cereais, decorrente da estiagem do século na Rússia, aqueceu o debate sobre uma maior regulação. Na União Europeia, todavia, Alemanha e França podem enfrentar a resistência do Reino Unido, o maior centro para o comércio de matérias-primas na Europa.

Acordo de livre comércio

Como parte da estratégia de relançamento econômico do Japão, Tóquio pretende nos próximos meses iniciar as negociações com vista a um acordo de livre comércio com a UE. No contexto do encontro em Bruxelas, um porta-voz do Ministério do Exterior japonês disse que o premiê Naoto Kan insiste na implementação de um cronograma, já no próximo encontro UE-Japão, em abril ou maio de 2011.

Com a exigência de um início rápido de negociações, o Japão reage ao tratado de livre comércio que deverá ser assinado nesta quarta-feira entre a União Europeia e a Coreia do Sul. "Coreia do Sul e Japão são concorrentes em diversos setores industriais", explicou o porta-voz. "E firmas japonesas têm, ocasionalmente, problemas para entrar no mercado europeu."

Com o novo acordo entre UE e Seul, exportadores europeus de automóveis, máquinas e produtos alimentícios esperam conseguir contratos bilionários na Coreia do Sul.

CA/dpa/dw/rtr/lusa

Revisão: Alexandre Schossler