Europeus comemoram Nobel da Paz como reconhecimento aos esforços da UE
12 de outubro de 2012Em meio à sua mais grave crise financeira, a União Europeia (UE) recebeu nesta sexta-feira (12/10) o Prêmio Nobel da Paz de 2012. Segundo o comitê do Nobel na Noruega, a integração europeia contribuiu para a paz, a reconciliação e a democracia no continente. A premiação provocou reações mundo afora, a maioria delas de aprovação.
O presidente do comitê do Nobel,Thorbjoern Jagland, destacou o papel da UE para o fim da hostilidade entre França e Alemanha. "Desde 1945, a reconciliação tornou-se uma realidade", e uma guerra entre os dois países seria hoje "impensável".
A integração europeia também ajudou a fortalecer a democracia na Espanha, em Portugal e na Grécia, após o fim de suas ditaduras militares, declarou o comitê. Outra contribuição para a paz foi a expansão para o Leste Europeu após o colapso da União Soviética. Hoje, a perspectiva de entrar para o bloco estimula países como Croácia, Sérvia, Montenegro e Turquia a fortalecerem sua democracia.
Herman van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, e José Manuel Barroso, chefe da Comissão Europeia, elogiaram o "esforço de cada vez mais países europeus para a superação de guerras e separações, para juntos construírem um continente de paz e de prosperidade". "Mesmo nestes tempos difíceis, a UE permanece uma inspiração para países e povos em todo o mundo", destacou Barroso.
Reações positivas
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, considerou o prêmio um encorajamento em tempos de crise. "O euro é mais do que uma moeda, porque o que importa é sempre a ideia da Europa como uma comunidade da paz e de valores."
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, também reconheceu o papel do prêmio no contexto da crise econômica. "A atribuição do Nobel da Paz à União Europeia nos faz lembrar que a UE é muito mais do que pacotes de resgate. O projeto comum europeu foi nossa resposta às incontáveis guerras e conflitos que retalharam o continente durante séculos. Hoje, 55 anos após a sua fundação, a UE representa a paz, a prosperidade e a liberdade."
Com suas bases lançadas em 1957, a UE vem se esforçando também fora de suas fronteiras para impedir conflitos. Com a Rússia, os EUA e a Organização das Nações Unidas, a UE forma o chamado Quarteto para o Oriente Médio. O bloco também possui missões militares em regiões de conflito, por exemplo.
Anders Fogh Rasmussen, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), elogiou a atuação da UE em termos globais. "A União Europeia contribuiu para o avanço da paz, da democracia e dos direitos humanos em todo o continente e além dele."
Valéry Giscard d'Estaing, ex-presidente francês, elogiou o reconhecimento aos esforços da UE pela paz. O ex-chanceler federal alemão Helmut Kohl também considera a premiação um estímulo para seguir adiante no caminho de uma Europa unida. "Nós europeus temos hoje todos os motivos para nos sentirmos orgulhosos", disse.
"O Prêmio Nobel também é um sinal claro para aqueles na Europa que, fazendo referência a supostos interesses nacionais, colocam em risco o projeto europeu de união", ponderou o ex-ministro do Exterior alemão Hans-Dietrich Genscher.
Críticas ao prêmio
Enquanto isso, a ativista russa de direitos humanos Ljudmila Alexejewa, cogitada para ganhar o Nobel da Paz deste ano, criticou a atribuição à UE. Ela é uma "organização enorme e bastante burocrática, e é claro o papel que o prêmio desempenhará em sua política futura: a meu ver, nenhum". "Eu teria achado melhor se um preso político no Irã tivesse recebido o prêmio, por exemplo."
Nigel Farage, presidente do Partido Independente do Reino Unido, que é contra o euro, também repudiou a escolha. "Isso mostra que os noruegueses realmente têm humor. A UE deveria receber o 'prêmio idiota pela paz', porque ela certamente não estabeleceu a prosperidade. A UE gerou pobreza e desemprego", criticou.
A UE não é a primeira organização a ser honrada com o Nobel da Paz. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha já foi agraciado três vezes, em 1917, 1944 e 1963. A ONU recebeu o prêmio em 2001, depois de diversas de suas suborganizações também terem sido reconhecidas. A Anistia Internacional, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e a ONG Médicos sem Fronteiras também já receberam a distinção.
O Nobel da Paz será entregue à UE no dia 10 de dezembro, o dia da morte do seu criador, Alfred Nobel. De acordo com seu testamento, o prêmio deve ser atribuído a quem mais contribuiu para a paz no ano anterior.
LPF/afp/rtr/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer