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Euro atinge paridade com dólar pela primeira vez em 20 anos

12 de julho de 2022

Guerra na Ucrânia, cortes no fornecimento de gás, medo de recessão e incerteza sobre medidas do Banco Central Europeu são os principais motivos que têm levado à desvalorização da moeda.

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A imagem mostra uma moeda de 1 euro sobre notas de dólares.
Cotação do euro caiu 0,4% nesta terça, o que levou a moeda a valer na mínima 1,00005 dólaresFoto: Klaus-Dieter Esser/agrarmotive/picture alliance

A desvalorização do euro ao longo do último ano, agravada por quedas ainda mais acentuadas desde o final de junho, fez com que a moeda europeia atingisse a paridade com o dólar pela primeira vez em 20 anos nesta terça-feira (12/07).

O impacto da guerra na Ucrânia e as medidas relativamente tímidas do Banco Central Europeu para combater a inflação são alguns dos motivos para a queda. Somam-se a esses fatores o risco de uma recessão na União Europeia (UE), segundo especialistas do Banco Central Europeu (BCE), além das crescentes taxas de juros impostas pelo Banco Central Americano (Fed).

"Há pouco apoio para o euro no momento", afirma a economista Sarah Hewin, do banco britânico Standard Chartered. Além da ameaça de suspensão completa do fornecimento de gás a partir da Rússia, de acordo com ela, pode haver divergências dentro do BCE sobre um possível aumento da taxa de juros.

"A expectativa geral é de que o Fed aumente a taxa de juros em 0,75 ponto percentual ainda neste mês [de julho], ao mesmo tempo em que há sinais incertos do BCE em relação à crise do gás", analisa.

Alguns especialistas avaliam que uma moeda enfraquecida pode ter algumas vantagens, principalmente em relação às exportações. Produtos domésticos ficam mais baratos no exterior, o que impulsiona as vendas. Ao mesmo tempo, no entanto, o poder de compra também é exportado para o exterior, o que faz com que seja possível adquirir produtos alemães e europeus mais baratos.

A vantagem para as empresas exportadoras locais só existe enquanto os empresários alemães fabricarem seus produtos inteiramente na Alemanha ou na zona do euro e depois os exportarem, diz Sonja Marten, especialista em câmbio do DZ-Bank.

"Uma vez que eles comprem produtos primários de países de fora da UE ou que sejam produzidos usando muita energia, esse cálculo deixa de fazer sentido", projeta Marten, apontando que as fontes energéticas costumam ser faturadas em dólares.

Uma breve história do euro

Até 31 de dezembro de 2001, cada país da União Europeia utilizava uma moeda diferente. A França tinha o franco; a Alemanha, o marco; os Países Baixos, o florim; e a Itália, a lira. O euro passou a circular oficialmente no dia 1º de janeiro de 2002. Confira uma breve cronologia sobre a moeda comum europeia:

A introdução (1998-1999)

Em 31 de dezembro de 1998, portanto antes de entrar em circulação, a taxa de câmbio do euro em relação ao dólar foi fixada em 1,16 dólares. No primeiro dia de negociação, no dia 4 de janeiro de 1999, a taxa subiu para 1,18 dólares. No entanto, no decorrer do ano seguinte, voltou a cair e, no final de 1999, era de 1,0046 dólares.

Abaixo do dólar (2000)

Em janeiro de 2000, o euro valia menos do que o dólar pela primeira vez. O motivo era, acima de tudo, a plena expansão da economia americana. Em outubro de 2000, o euro atingiu o ponto mais baixo até agora: 0,823 dólares.

Em circulação (2002)

No dia 1º de janeiro de 2002, o euro começou a circular como moeda oficial em 11 países. As previsões econômicas na zona do euro melhoraram, e a moeda subiu acima da taxa de 1 dólar novamente, o que se mantém até hoje.

Cotação máxima (2007-2008)

A crise financeira global, que começou justamente no mercado imobiliário americano, fez com que a taxa de câmbio do dólar caísse. Em julho de 2008, o euro atingiu um recorde em relação ao dólar: 1,60, quase o dobro em comparação a outubro de 2000.

Crise do euro (2010)

A crise da dívida pública europeia a partir do final de 2009 fez com que o euro caísse abaixo de 1,20 dólares. Irlanda, Grécia e Portugal precisaram ser resgatados da falência pela UE. Em 2012, o BCE anunciou que faria "tudo o que for necessário" para salvar o euro, o que gerou alívio nos mercados.

Mais uma queda (2015)

O alívio de três anos atrás, porém, foi momentâneo. O euro continuou a cair, e o câmbio ficou abaixo de 1,05 dólares. A razão para isso foi a decisão do BCE de comprar ativos em grande escala para sustentar a crise na UE.

Turbulências (2016-2018)

Em 2016, a decisão do Reino Unido de deixar a UE – em um referendo que teve resultado apertadíssimo pró-Brexit – fez com que o euro caísse de 1,13 para 1,10 dólares. No fim do ano, o câmbio estava em 1,05. A eleição de Donald Trump nos EUA reduziu o valor do euro para 1,03 dólares em janeiro de 2017. Na França, a vitória de Emmanuel Macron, em maio de 2017, gerou inflação. Mas a moeda voltou a se recuperar e passou a valer 1,25 dólares.

Pandemia e medo de recessão (2020-2022)

A pandemia de coronavírus, a partir de março de 2020, e a guerra na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, têm pressionado a economia, e o medo da recessão tem aumentado. Em maio de 2022, a zona do euro registra inflação de 8,1%.

gb/bl (dpa, Reutres, AFP)