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EUA tiram brasileiro do controle de armas químicas

(ef)23 de abril de 2002

O diretor-geral da Organização para Proscrição de Armas Químicas (Opaq), o brasileiro José Maurício Bustani, foi destituído do cargo que ocupava desde 1997, em conseqüência de uma manobra dos Estados Unidos.

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José Mauricio Bustani na frente de um poster do ex-presidente Juscelino Kubitschek.Foto: AP

Numa sessão especial a portas fechadas, na central da organização da ONU, em Haia, na noite desta segunda-feira (22), os representantes de 48 países aprovaram a demissão do diplomata de 59 anos. Só sete países rejeitaram o requerimento de Washington e outros 43 abstiveram-se de votar. Mas isto não conta. Nas regras da organização, basta alcançar a maioria de dois terços necessários para aprovar um requerimento.

O motivo oficial alegado pelos EUA para afastar Bustani foi má administração, mas na realidade ele era um obstáculo para a política do governo do presidente George W. Bush para o Iraque. O diplomata defendia a adesão de Bagdá à Opaq e tentava convencer o regime de Saddam Hussein a permitir o acesso da ONU para inspecionar o seu programa de armas químicas.

Onze países da União Européia apoiaram o requerimento que destituiu o diplomata brasileiro, entre eles a Alemanha. A França foi o único grande contribuinte da Opaq que votou contra.

A destituição de Bustani tem efeito imediato e ele será substituído pelo vice-diretor-geral da Opaq, o australiano John Gree, interinamente, até a nomeação de um novo diretor-geral. Ainda não há indicação de um nome para o cargo. O embaixador americano na organização, Donald Mahley, argumentou, na sessão iniciada domingo à noite, que Bustani seria uma ameaça à convenção contra a propagação de armas químicas.

Bustani rechaçou as acusações levantadas contra ele na reunião, destacando que se esforçara por um tratamento igualitário e leal para todos os países-membros da Opaq, mas fora mal interpretado por ter tentado convencer o Iraque a aderir à organização e se empenhado pela proteção de todos os Estados-membros também contra ataques terroristas com armas químicas. Com sede em Haia, na Holanda, a Opaq deve controlar se os 145 países-membros respeitam a convenção de 1997 contra armas químicas, segundo a qual este tipo de armas deve ser destruído dentro de dez anos. Não pertencem à organização países como o Iraque, Líbia, Coréia do Norte e Síria, que são suspeitos de produzir armas de destruição em massa,

Os Estados Unidos acusam o Iraque de formar o "eixo do mal" junto com o Irã e Coréia do Norte e ameaçam especialmente o Iraque com uma intervenção militar nos moldes da que derrubou o regime talibã no Afeganistão e prossegue no combate a remanescentes da organização Al Qaeda do terrorista saudita Osama Bin Laden.