EUA dizem que Rússia tem plano para forjar ataque da Ucrânia
3 de fevereiro de 2022Os Estados Unidos possuem relatórios de inteligência mostrando que a Rússia tem um plano para fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia, disse o Pentágono nesta quinta-feira (03/02).
A Rússia reuniu dezenas de milhares de soldados na fronteira com a Ucrânia, mas nega que esteja planejando invadir o país. Em vez disso, Moscou acusou os Estados Unidos de elevar as tensões ao enviar mais soldados à região para reforçar o flanco leste da Otan.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse a jornalistas que havia provas de que o Kremlin havia desenvolvido uma trama para filmar um ataque falso de militares da Ucrânia "contra o território soberano russo, ou contra pessoas que falam o idioma russo".
"Como parte deste ataque falso, acreditamos que a Rússia produziria um vídeo de propaganda com imagens fortes, incluindo cadáveres e atores que representariam pessoas em luto e imagens de locais destruídos", para justificar uma invasão, disse Kirby.
A suposta operação foi revelada em relatórios de inteligência não confidenciais compartilhados com funcionários ucranianos e aliados europeus.
"Já vimos esse tipo de ação dos russos no passado, e acreditamos ser importante que, quando vemos isso dessa forma, e podemos ver, a denunciemos", disse Kirby.
"Nossa experiência é de que muito pouco disso não é aprovado pelos níveis mais altos do governo russo", acrescentou.
"Uma opção" sobre a mesa de Moscou
O conselheiro adjunto de segurança nacional dos EUA Jonathan Finer disse não haver certeza de que "este é o caminho que eles vão tomar, mas sabemos que esta é uma opção em consideração, que envolveria atores encenando luto por pessoas mortas em um evento que eles próprios teriam criado".
"Isso envolveria o envio de cadáveres para representar corpos supostamente mortos, de pessoas supostamente mortas em um incidente como este", disse Finer à emissora MSNBC.
Otan: 30 mil soldados russos em Belarus
Mais cedo, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, advertiu que a presença militar da Rússia nas fronteiras da Ucrânia segue crescendo. Ele disse que o número de militares russos em Belarus, um aliado de Moscou, provavelmente chegaria a 30 mil, mais do que em qualquer outro momento nos últimos 30 anos.
"Nos últimos dias, vimos um movimento significativo de forças militares russas para Belarus. Este é o maior deslocamento russo para lá desde a Guerra Fria", disse Stoltenberg aos jornalistas.
Ele disse que o deslocamento militar para Belarus conta com forças especiais, caças de combate, mísseis balísticos de curto alcance Iskander e sistemas de defesa contra mísseis terra-ar S-400.
Stoltenberg também renovou seu apelo para que a Rússia "desescalasse", e reiterou que "qualquer nova agressão russa teria conseqüências graves e um alto preço".
A Otan começou a reforçar as defesas de seus membros no Leste Europeu, mas diz não ter intenção de destacar tropas para a Ucrânia, que não é membro da aliança militar, no caso de uma invasão russa.
(AFP, Reuters, AP)