Verdes, mas nem tanto
28 de dezembro de 2009Os anos mais recentes testemunharam um boom da indústria têxtil orgânica e socialmente consciente. Pequenas companhias étnicas de camisetas surgem a torto e a direito, e até mesmo grandes produtores como Hennes & Mauritz acompanham a tendência, apresentando sua linha de roupas de algodão.
Nesse contexto, a ONG alemã Südwind testou uma série de companhias do ramo, para verificar se oferecem o que prometem, e até que ponto. Os questionários foram enviados a 240 firmas cujos produtos ecológica ou socialmente corretos podem ser encomendados pela internet na Alemanha. Somente 23 delas responderam, 17 das quais, alemãs.
"Muitas companhias se autodenominam verdes, éticas ou justas. Mas serão mesmo? É o que queríamos saber", explica Dominic Kloos, que organizou o estudo. Ele se baseou em padrões estabelecidos de produção ética, tais como as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e regulamentos para o selo fair trade, entre outros.
Nem tão sociais assim
Apesar do baixo índice de participação, Kloos pôde apresentar um resultado: muitas estavam conformes com os padrões mais importantes, mais não com todos. A Südwind examinou sete critérios, em parte ecológicos ("todos os componentes têm certificado orgânico?"), em parte sociais ("a companhia segue o código de conduta da Campanha Roupas Limpas ao longo de toda a cadeia de produção?").
O estudo investigou ainda medidas de verificação, níveis de transparência, aquisição de matérias-primas e o conteúdo químico das peças. "O resultado principal é que padrões ecológicos são mais fáceis de obedecer do que os sociais", observou Kloos.
Necessidade de regulamentos vinculativos
Enquanto critérios ambientais podem ser conferidos por agências de certificação, os sociais só podem ser mantidos se a empresa for membro de uma chamada multi-stakeholder initiative (iniciativas envolvendo atores de diversos setores), ou se for uma cooperativa, "o que significa que os padrões trabalhistas estão nas mãos dos operários".
Dominic Kloos explica que sua função é "elevar bastante os padrões" ao examinar o comportamento das companhias. Porém, o fato de que sequer existam companhias de vestuário ecológico já é um bom sinal para o futuro da indústria têxtil. "É ótimo que exista um nicho para essas firmas, elas pressionam o mercado para que as maiores, como a H&M, lancem roupas orgânicas."
No entanto, o mais importante não é melhorar os padrões sociais e ecológicos adotados voluntariamente, ressalva Kloos. "Precisamos é de regulamentos legalmente vinculativos."
Autor: Jennifer Abramsohn (av)
Revisão: Simone Lopes