Estudo diz que crise e desemprego reduziram nascimentos na Europa
10 de julho de 2013Quanto maior a taxa de desemprego, maior também a queda no número de filhos por mulher nos países europeus afetados pela crise do euro, conclui um estudo do Instituto Max Planck de Pesquisas Demográficas divulgado nesta quarta-feira (10/07) em Rostock, na Alemanha.
O documento mostra que, entre 2001 e 2011, especialmente jovens europeus com idade inferior a 25 anos mudaram o planejamento familiar diante da ameaça de perder o emprego. A influência do temor do desemprego é especialmente forte nos planos para ter o primeiro filho, afirmam os especialistas, que examinaram a evolução do planejamento familiar nos 28 países da União Europeia.
A queda mais acentuada aconteceu na Espanha, um dos países mais atingidos pela crise. Em 2008, antes da crise, a média de filhos por mulher tinha aumentado para 1,47, de um patamar de 1,24 em 2000. Em 2009, quando a taxa de desemprego espanhola subiu de 8,3% para 11,3%, a média de filhos por mulher caiu para 1,4, diminuindo ainda mais em 2011, para 1,36.
A crise econômica de 2008 inverteu a tendência de alta da taxa de natalidade na Europa, afirma a pesquisadora Michaela Kreyenfeld, coautora do estudo publicado na página online da revista especializada Demographic Research. Os pesquisadores observaram a queda da taxa de natalidade especialmente nos países do sul da Europa, como a Espanha e a Croácia, mas também na Hungria, na Irlanda e na Letônia.
De acordo com o estudo, um aumento de 1 ponto percentual na taxa de desemprego na Europa reduz a taxa de nascimentos por mulher, entre jovens de 20 a 24 anos, em 0,1 ponto percentual em todo o continente e em 0,3 ponto percentual nos países do sul da Europa, mais atingidos pela crise, que também freou o aumento de nascimentos na República Tcheca, na Polônia, no Reino Unido e na Itália.
Na Alemanha – maior economia europeia e conhecida pela baixa taxa de natalidade – praticamente não houve alteração na média de 1,4 filhos por mulher, assim como na Áustria e na Suíça. Para os pesquisadores do Instituto Max Planck, isso se deve aos mercados de trabalho "relativamente estáveis" nesses países.
RK/kna/dpa/afp