Preconceito na Europa
13 de novembro de 2009Quase metade dos entrevistados em oito países europeus tem preconceitos contra minorias, seja ela de migrantes, judeus, mulheres, homossexuais ou grupos religiosos.
A conclusão é de um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Interdisciplinar sobre Conflitos e Violência, de Bielefeld, e do Instituto Amadeu Antonio, de Berlim, apresentado nesta sexta-feira (13/11) na capital alemã. Conforme a sondagem, 50% dos entrevistados acham que em seus países existem imigrantes demais e 43% rejeitam direitos iguais para homossexuais.
O nível mais baixo de discriminação foi detectado na Holanda, seguida por Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Portugal. Os maiores níveis de preconceito foram detectados na Polônia e na Hungria. A pesquisa ouviu 8 mil pessoas com mais de 16 anos em oito países da União Europeia (Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Holanda, Portugal, Polônia e Hungria).
Segundo o estudo, metade dos entrevistados (50,4%) respondeu que concorda com a frase "existem imigrantes demais em meu país" e 54,4% acham que o islamismo é uma religião de intolerância. Os valores variam, em parte, sensivelmente de país para país. Enquanto na Polônia 27% acham que há imigrantes demais no país, na Holanda são 46% e na Itália, 62,4%, o maior porcentual entre os entrevistados.
Hierarquia
Quase um quarto (24,4%) acredita que os judeus têm "influência demais" no seu país. E quase um terço (31,1%) dos entrevistados são da opinião de que há "uma hierarquia natural entre negros e brancos".
Além disso, a maioria dos participantes do estudo (60,2%) é a favor da manutenção dos papéis tradicionais entre os sexos e deseja que as mulheres levem mais a sério seu papel de mães e donas-de-casa, enquanto 42,6% rejeitam direitos iguais para homossexuais e acham que a homossexualidade é algo "imoral".
Na apresentação do estudo em Berlim, Cem Özdemir, presidente do Partido Verde, disse que o resultado apresenta uma "situação dramática" na Europa. Por isso, segundo ele, as instituições de ensino devem valorizar mais "a educação dirigida aos valores democráticos".
"Mais de 200 anos após o Iluminismo, não estamos no estágio mais elevado da civilização humana, enquanto somos cercados pela barbárie. Mas a barbárie está dentro da União Europeia", salientou Özdemir. Mesmo assim, ele vê o papel da União Europeia de forma positiva: "A UE tornou possíveis progressos substanciais, como, por exemplo, a diretriz europeia contra a discriminação, que por muito tempo foi rejeitada por tantos países. Por isso, ela está no caminho certo."
O político classificou como positivo que tenha sido comprovado que, em seis dos oito países, o contato pessoal com representantes de uma minoria, como imigrantes, judeus ou homossexuais, levou ao fim do fim de preconceitos também com relação a outros grupos.
Entre os principais fatores que favorecem o surgimento de preconceito está, segundo os realizadores do estudo, o posicionamento autoritário das pessoas, o sentimento subjetivo de ameaça por estrangeiros e a negação de diferenças culturais.
Outros fatores são, conforme o estudo, baixos níveis de educação, idade avançada e fortes identificações regionais ou nacionais, assim como a religiosidade. "Quanto mais religiosas as pessoas se dizem, maior é a tendência de elas desenvolverem preconceitos contra outros grupos", afirma Andreas Zick, responsável pelo estudo.
MD/kna/dpa/epd
Revisão: Roselaine Wandscheer