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Estudo associa umidade a disseminação da covid-19

Ian P. Johnson md
21 de agosto de 2020

Ar seco de recintos refrigerados ou aquecidos por calefação podem favorecer mobilidade viral e impulsionar contágios, afirma pesquisa realizada por cientistas indianos e alemães, baseada em dez estudos internacionais.

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Higrômetro, plantas e uma janela ao fundo
Higrômetro ajuda a monitorar umidade de ambientes. Cientistas recomendam taxas entre 40% e 60%Foto: picture-alliance/dpa/R. Guenther

A umidade relativa "influencia fortemente" a propagação de vírus entre as pessoas em ambientes fechados, especialmente em salas secas. Essa é a conclusão a que chegou uma pesquisa realizada por uma equipe formada por especialistas alemães e indianos, com base em dez estudos internacionais, a maioria recentes.

"O papel da umidade parece ser extremamente importante para a disseminação da covid-19 no ar, em ambientes fechados", afirma o relatório, também baseado em resultados de testes anteriores com vírus semelhantes, como H1N1 e Mers-CoV.

A umidade afeta a disseminação viral de três maneiras: no tamanho do perdigoto, na flutuação dos aerossóis carregados de vírus, que podem ficar "por horas" no ar, e na forma que estes permanecem virais ao cair nas superfícies. Em locais úmidos, o perdigoto viral – uma solução de sais, água, orgânicos e vírus – cresce e cai mais rápido, "proporcionando menos chances de outras pessoas aspirarem as gotículas virais infecciosas".

Mas no ar interno seco, as micropartículas encolhidas pela evaporação tornam-se mais leves e ficam à deriva – uma "rota ideal" para os vírus serem "inalados por outros residentes ou se estabelecerem em superfícies onde podem sobreviver por muitos dias", avisa o estudo.

Jato de perdigotos saindo da boca de um homem
Baixa umidade facilita flutuação de micropartículas om vírus, segundo pesquisadoresFoto: picture-alliance/dpa/PA/Jordan

"Prédios públicos devem ter pelo menos 40% de umidade interna, com limite de 60%, para reduzir os riscos de disseminação viral para seus ocupantes", concluem os pesquisadores, liderados por Sumit Kumar Mishra, do Laboratório de Física Nacional do CSIR da Índia e Alfred Wiedensohler e Ajit Ahlawat, do Instituto Leibniz para Pesquisa Troposférica (Tropos), da Alemanha.

Assim como manter a umidade relativa do ambiente, abrir as janelas também pode reduzir a absorção de vírus pelas vias nasais, pois "o ar seco também torna as membranas mucosas do nariz mais secas e mais permeáveis aos vírus", ressalta Ahlawat.

A aproximação do inverno do Hemisfério Norte significa maiores riscos para "milhões" em salas aquecidas, adverte Wiedensohler: "O aquecimento do ar interno a uma temperatura confortável reduz significativamente a umidade relativa do ambiente, criando uma situação extremamente perigosa para os residentes, especialmente durante a pandemia de covid-19."

Citando estudos de Cingapura e da Malásia, os especialistas também alertam os residentes de países tropicais para que evitem sistemas de "resfriamento extremo", pois os fluxos de ar interno secos resultantes também promoveriam mais viabilidade para a covid-19.

Para a equipe, os supervisores de construções e os governos têm um "papel extremamente importante" na atualização dos padrões. "As autoridades devem incluir o fator umidade nas futuras diretrizes internas", diz Sumit Kumar Mishra, do CSIR.

"Com base nas descobertas da pesquisa, para cenários futuros, estabelecer um padrão mínimo de umidade relativa em prédios públicos não reduzirá só o impacto da covid-19, mas também o de novos surtos virais", conclui a equipe internacional.

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